A eleição para escolher o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no domingo (20), em vários turnos, tem três candidatos com chance entre os cinco concorrentes. O brasileiro Ilan Goldfajn, atualmente diretor do FMI, pode ser o favorito se tiver apoio do governo eleito. Uma declaração de integrante relevante da equipe de transição pode ajudar a manter os americanos ao lado dele. Há ruído entre os negociadores brasileiros em Washington. Alguns afirmam que Lula não se opõe à candidatura de Goldfajn, mas a manifestação do ex-ministro Guido Mantega, ao pedir o adiamento da eleição, deu sinal dúbio aos representantes dos países que integram essa instituição financeira multilateral. Se o Brasil não deixar claro que apoia Goldfajn, aumentam as chances do mexicano Gerardo Esquivel e do chileno Nicolás Eyzaguirre.

Minuta é carta de intenções

A minuta da PEC apresentada na quarta-feira (16) pelo governo de transição é uma carta de intenção que deverá ser transformada num bilhete. O texto é propositalmente acima do tom para que o novo governo consiga, ao menos, manter o que é essencial — os R$ 600 do Bolsa Família, R$ 150 por criança até 6 anos e algum recurso para investimento. Os negociadores do governo que entrará sabem que R$ 175 bilhões já era um teto difícil de chegar e resolveram subir a régua com a intenção de voltar ao menos ao valor original pensado. Não será tarefa fácil e, para aprovar a minuta com a silhueta que se espera, Lula e seus parlamentares vão ter de entrar no cheque especial, devendo ao Centrão, cuja cobrança de juros vai muito além da Selic. Na Câmara e no Senado, a preocupação com o aumento de gastos e com o desequilíbrio das contas públicas é real para alguns e mera desculpa para outros que podem dificultar os planos do governo Lula. Na semana que vem, começa, de fato, o teste para a articulação política do novo governo.
*Chico de Gois e Arnaldo Galvão

O nome que preocupa o mercado

Suamy Beydoun

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva levou em sua comitiva ao Egito o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, sinalizando que ele deverá ter um papel importante no futuro governo. Haddad é considerado para assumir o Ministério da Fazenda, a Casa Civil ou Relações Exteriores. A Faria Lima, porém, não quer nem ouvir falar no nome dele para comandar a economia. As falas de Lula durante a 27a COP, dando a entender que não se preocupa se o dólar sobe e a Bolsa cai, também colaboraram para o azedume. O mercado espera para a semana que vem o anúncio do titular da Fazenda.

Teto: proposta do ministério da economia será divulgada em dezembro

Evaristo Sa

O gabinete do ministro Paulo Guedes vai divulgar sua proposta para a reforma do Teto de Gastos em dezembro, mas não vai enviá-la ao Congresso porque o presidente Jair Bolsonaro não foi reeleito. O plano é enriquecer o debate e oferecer uma opção ao texto do time de transição enviado ao Congresso. Intitulado Textos para Discussão – Reforma do Arcabouço de Regras Fiscais Brasileiro, foi elaborado por técnicos do Tesouro e sugere três faixas para a relação entre dívida líquida do governo geral e PIB em dois cenários, de queda e crescimento da dívida. O objetivo é permitir crescimentos da despesa acima do previsto atualmente, com bônus de 0,5 ponto percentual ligado à realização do resultado primário. Segundo interlocutores do ministro, ele ressaltou que falta no documento um instrumento contracíclico, entre outras pontuações.