Poucas instituições são tão admiradas pelos britânicos como a rede BBC. Financiada por taxas pagas por donos de aparelhos de tevê no Reino Unido, a rede emprega 23 mil pessoas que produzem notícias e entretenimento para 50 estações de rádio, oito canais de televisão e websites. Mas uma sucessão de escândalos nas últimas semanas começou a abalar a imagem de um dos símbolos do Reino Unido. Até a semana passada, três altos executivos da BBC já haviam renunciado a seus cargos, depois de conduta embaraçosa da área de notícias da rede. 

 

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Virou notícia: o diretor-geral George Entwistle dá entrevista sobre sua demissão

 

Já foi chocante o suficiente a revelação de que o apresentador e DJ James Savile, estrela da BBC por décadas, abusou de centenas de crianças e adolescentes ao longo de sua carreira. Alguns dos ataques ocorreram em dependências da BBC e muitos de seus contemporâneos tinham algum conhecimento das ocorrências. Savile morreu no ano passado. O histórico de abusos só veio à tona com denúncias de uma rede concorrente, a ITV. Pior: soube-se que a própria BBC chegou a preparar um documentário sobre o assunto, ouvindo algumas das vítimas. Por ordens de superiores, o documentário foi cancelado, enquanto a área de entretenimento da BBC homenageava Savile.

 

O diretor-geral da BBC na época, Mark Thompson, disse que não deu ordem para suspender o programa. Mas os fiascos não pararam: há pouco mais de uma semana, o programa Newsnight acusou erradamente um político conservador, Alistair McAlpine, de abusar de um garoto.Três executivos perderam os cargos: o diretor-geral George Entwistle, a diretora de jornalismo Helen Boaden e seu diretor-adjunto, Stephen Mitchell. O público só ficou mais furioso quando foi divulgado que Entwistle receberá uma indenização de US$ 750 mil, superior à estipulada em seu contrato. Até mesmo o primeiro-ministro, David Cameron, protestou. 

 

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