BBDTVM. O nome pode não ser familiar, mas essas seis letras representam cerca de R$ 350 bilhões. A empresa de gestão de fundos do Banco do Brasil lidera o mercado brasileiro de gestão de recursos há tempos, espelhando-se na importância do BB. A meta agora é avançar em termos tanto geográficos quanto econômicos. 

A BBDTVM vai expandir suas atividades internacionais para vender fundos brasileiros para investidores internacionais com muito dinheiro que queiram diversificar suas aplicações. 

 

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“Vamos atuar também no Peru e na Argentina”

Carlos Takahashi, da BB DTVM

 

Ao mesmo tempo, o BB quer aumentar sua participação de mercado junto aos investidores brasileiros de renda mais baixa, que estão começando a buscar produtos financeiros além do crédito. “Os mercados em que atuamos já estão maduros e precisamos buscar novas fronteiras”, diz Carlos Massaru Takahashi, principal executivo da empresa. 

 

A primeira fase será olhar para fora, atraindo dinheiro dos investidores nos países que detêm grandes reservas de liquidez, como China, Hong Kong e Cingapura. Eles vêm participando das emissões de bônus soberanos e de empresas, mas a meta agora é vender também a capacidade de gestão dos profissionais daqui. 

 

“Vamos atrair os investidores qualificados que desejam apostar no bom momento da economia brasileira”, diz Takahashi, que falou com exclusividade à DINHEIRO no dia 26 de janeiro. A empresa  já possui uma base instalada no Japão, que vai servir de plataforma de lançamento para os outros empreendimentos asiáticos.

 

O dinheiro dos investidores vizinhos também aguça o apetite do executivo. No início de janeiro, a BB DTVM assinou um acordo com a corretora Interbolsa, da Colômbia, para distribuir fundos de ações e de renda fixa brasileiros para os clientes locais. 

 

“No curto prazo vamos vender nossos fundos no Peru e também na Argentina, quando a economia de lá melhorar”, diz Takahashi. No principal mercado, os Estados Unidos, a entrada exige mais cuidado. “A competição é grande e vamos entrar de forma gradual, oferecendo aplicações para clientes do private bank a partir de Miami.”

 

Essa estratégia de mirar a Ásia e ir devagar nos Estados Unidos é acertada, avalia Bolívar Godinho, professor de análise de investimentos da Fundação Instituto de Administração  (FIA). 

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“Os países asiáticos têm uma forte cultura de poupança e taxas de juros muito baixas, o que torna os fundos brasileiros muito atraentes”, diz Godinho. O mercado asiático tem sido objeto de desejo da concorrência há tempos. 

 

Basta ver os números do Itaú Unibanco, que iniciou suas atividades no Japão em 2008 e já atraiu mais de US$ 12 bilhões em recursos dos investidores nipônicos. Tradicionais poupadores, eles estão sentados em um colchão de liquidez estimado em US$ 4 trilhões – e a rentabilidade desse dinheiro é magra. 

 

No Bradesco, a empresa de gestão contratou o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy, em setembro passado, para reforçar a expansão internacional. Hoje a empresa que administra R$ 202 bilhões oferece fundos brasileiros no Chile e em Luxemburgo, além do Japão. 

 

Em um segundo momento, a estratégia da BB DTVM é voltar-se para o mercado interno, lançando produtos para as classes C e D, como fundos que realizam sorteios entre os cotistas. 

 

A primeira iniciativa foi o Hyperfundo, lançado pelo espanhol BBVA há dez anos e hoje gerido pelo Bradesco. “As necessidades de financiamento dos clientes de baixa renda já estão bem satisfeitas e agora é hora de oferecer-lhes produtos de investimento”, diz Takahashi. 

 

Os fundos são mais sofisticados e proporcionam mais lucros que as tradicionais cadernetas de poupança. Segundo Godinho, a estratégia é boa, mas é um investimento de longo prazo. 

 

“Esta é uma camada que tende a ir para investimentos mais simplificados e seguros, como a poupança. Para tornar esses produtos populares, o ideal é fazer antes um trabalho forte e massificado de educação financeira”, diz. “Não adianta oferecer só a rentabilidade para um público que, provavelmente, vai investir pouco por mês.”