05/12/2012 - 21:00
Seguros, previdência e capitalização têm garantido a alegria dos banqueiros nos últimos tempos, devido às maiores margens de lucro e às boas perspectivas de crescimento diante do aumento da renda da população. Por isso, os bancos têm reforçado a visibilidade desses negócios em seus balanços. A iniciativa mais recente veio do líder do mercado brasileiro. O Banco do Brasil vai reunir todos os seus negócios nessas áreas em uma nova holding, a BB Seguridade. A filhote, cuja criação foi anunciada na segunda-feira 26, consolidará atividades que já representam 15% do lucro do banco estatal, e também proporcionará ganhos de escala e reduzirá custos.
Alexandre de Abreu, vice-presidente de negócios de varejo: “A concentração das atividades fará
com que os resultados apareçam de forma mais independente”
“A ideia é concentrar as atividades para fazer com que os resultados apareçam de forma independente”, diz Alexandre de Abreu, vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil. Essas áreas têm feito, cada vez mais, a diferença na última linha do balanço. De janeiro a setembro de 2012, os negócios de seguridade agregaram R$ 1,3 bilhão ao BB com equivalência patrimonial, receitas de serviços e corretagem. Na comparação com o mesmo período de 2011, houve alta de 7,4%. Com base nos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o Banco do Brasil também manteve a liderança em capitalização, nos quesitos arrecadação, com R$ 2,7 bilhões neste ano, e provisões, com R$ 5,9 bilhões.
O resultado com seguros e previdência também é bom. A BB Mapfre, joint-venture com o grupo espanhol Mapfre, continua em primeiro lugar no ramo de seguros para pessoas, faturando 19,1% dos prêmios auferidos no mercado, e está em segundo lugar no de automóveis, com participação de 15%. Na previdência, segundo a Susep, a arrecadação do BB cresceu 45,8% em 2012 frente aos nove meses de 2011, atingindo 25,9% do mercado e arrecadando R$ 12,5 bilhões. A intenção do BB é tornar esses números mais visíveis. Sem considerar o ramo de saúde, a BB Seguridade já nasce como líder do mercado. “Queremos consolidar essa posição e nos distanciar dos concorrentes”, afirma Abreu.
Segundo ele, unir as áreas de corretagem e seguros significa focar na estrutura e tratar o negócio de forma individualizada. “É uma maneira de fazer com que os negócios apareçam”, diz. A nova empresa, que terá ações negociadas em bolsa, será dona da BB Seguros, através da qual o banco já possui participação em empresas como a Brasilcap (capitalização), Brasilprev (previdência) e BB Mapfre (seguros). “O formato das parcerias e o percentual de participação do banco em cada empresa não serão alterados”, afirma Abreu. Além disso, a holding também vai controlar a BB Cor Participações, responsável pela BB Corretora e outras corretoras de seguros, previdência, capitalização ou planos de saúde e odontológicos.
A empresa deve começar a operar após a abertura de capital, prevista para o primeiro semestre de 2013. O momento certo do lançamento das ações e o modelo da oferta, no entanto, ainda dependem de estudos de viabilidade e das condições do mercado. “Se fosse hoje, com certeza faríamos a abertura de capital”, diz Abreu. De acordo com ele, o setor de seguros representa, atualmente, apenas 3,5% do Produto Interno Bruto brasileiro, enquanto que na Inglaterra, por exemplo, esse percentual é de 18,3%. “Temos muito espaço para avançar.” Segundo Abreu, a nova estrutura, mais ágil e estrutura, vai permitir o surgimento de novos produtos, novas parcerias. “Estaremos ainda mais prontos para novos negócios”, diz. O mercado recebeu o anúncio de forma positiva.
Na segunda-feira 26, as ações ordinárias do Banco do Brasil na bolsa subiram 1,8%. Segundo Mario Pierry, analista do Deutsche Bank, a chegada da nova empresa é vista como positiva e a venda de parte de suas ações deve contribuir para reforçar o caixa da instituição, sem necessidade de um aumento de capital no banco, no curto prazo. “Mantemos nossa recomendação de compra para os papéis do BB, já que as ações estão sendo negociadas com um desconto de cerca de 50% com relação aos bancos do setor privado”, afirma Pierry. Além disso, acredita o analista, o sucesso da operação pode fazer a concorrência rever suas estratégias. “Se o BB for bem-sucedido, é possível que a administração do Bradesco avalie a possibilidade de seguir um caminho semelhante, com suas operações de seguros”, diz.