15/08/2012 - 21:00
Asilos. Shopping centers. Um pub. Imóveis na Irlanda. Bancos na Romênia, nos Estados Unidos e na França. Essa é apenas parte da lista de ativos postos à venda pelo britânico Royal Bank of Scotland (RBS), estatizado em 2008 pelo governo inglês. A meta é passar adiante alguns ativos de alto risco não essenciais e que prejudicam o resultado da instituição. O banco é dono, por exemplo, de um hotel de luxo em Londres, de um pub comandado pelo cineasta britânico Guy Richie – um dos diversos ex-maridos da cantora Madonna –, e de uma frota de jatos. A tesoura já começou a ser acionada. Nas últimas semanas, o banco informou que os ativos não essenciais estavam estimados em 72 bilhões de libras, equivalente a R$ 227 bilhões.
É muito, mas já foi bem mais: no auge da crise do fim da década passada, pouco após os contribuintes britânicos terem injetado 45,5 bilhões de libras (R$ 144 bilhões) para socorrer o banco, esse portfólio estava avaliado em R$ 815 bilhões. Essa espécie de família (real) vende tudo é uma oportunidade para os bancos brasileiros, considerados mais saudáveis em comparação com seus concorrentes europeus, aumentarem sua participação no exterior. O jornal britânico Sunday Times publicou em sua edição de segunda-feira 6 que o Itaú Unibanco poderia fazer uma oferta pelo Citizens, a subsidiária americana do RBS. Os rumores foram desmentidos por Stephen Hester, presidente do banco britânico, que descreveu a operação nos Estados Unidos como parte essencial do negócio do RBS. No entanto, esse comentário veio acompanhado da divulgação de um prejuízo de R$ 4,7 bilhões no primeiro semestre de 2012.
Com cerca de 1,5 mil agências espalhadas por 12 Estados, o Citizens depende de uma incerta recuperação da economia do país governado pelo presidente Obama para amenizar as perdas do RBS. No mesmo dia, após ser questionado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Itaú negou estar negociando a aquisição do Citizens ou de outras instituições financeiras americanas, mas, como de costume, tomou cuidado para não fechar as portas. “Estamos sempre considerando opções para expandir nossas operações no mercado financeiro”, informou o banco em um comunicado. No entanto, uma coisa é certa: uma eventual aquisição, como a do Citizens, faz todo o sentido. Concentrado na expansão latino-americana, tendo comprado os negócios do HSBC no Chile, o alvo seguinte do Itaú Unibanco seria a enorme comunidade brasileira e hispânica nos Estados Unidos.