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Para religiosos e místicos, o sal espanta as energias nefastas. Na hora de investir, nada como um pouco do sal das aplicações conservadoras de renda fixa para espantar os riscos e os prejuízos. A rentabilidade não é espetacular, ainda mais em tempos de taxa básica de juros Selic em 7,25% ao ano, mas é garantida. Não por acaso, 48,6% dos R$ 2,13 trilhões investidos em fundos são dedicados às diversas carteiras de renda fixa, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No entanto, essas aplicações vêm perdendo recursos sistematicamente durante o ano. Até outubro, a captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) estava negativa em R$ 9,6 bilhões, de acordo com a Anbima. 

 

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“O baixo retorno da aplicação ficou mais evidente com a queda da taxa de juros”, diz Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM. Além disso, como os especialistas não acreditam em um recrudescimento da inflação, nos próximos meses, quem conhece o mercado descarta a hipótese de uma forte elevação dos juros no curto prazo. E o impacto sobre os fundos será duradouro. Para Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC, não existe mágica para solucionar o problema da queda da rentabilidade. Originalmente, esse tipo de fundo foi desenhado para proteger o dinheiro das perdas da inflação. “Se os juros do mercado caírem, a rentabilidade dos fundos também diminui”, diz Ramos. 

 

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“Se quiser mais rentabilidade, o cliente terá de procurar produtos com mais riscos.” Segundo o executivo, isso é questão de tempo. “Os investidores já migraram dos fundos DI para os de renda fixa com gestão ativa e, em seguida, vão buscar alternativas mais arriscadas.” No radar estão os fundos de crédito e as aplicações lastreadas em papéis imobiliários, que exigem a permanência do dinheiro por prazos mais longos para que o investimento compense. Enquanto isso, os gestores dos fundos de renda fixa mais rentáveis tentam alongar prazos para garantir a rentabilidade, reduzindo a dependência dos títulos do governo, que pagam juros menores. 

 

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É o que acontece no fundo Bradesco Priv FIC RF Crédito Privado Rating 90, cujo resgate da cota só acontece depois de 90 dias. “Os papéis predominantes são cotas de FIDCs, letras financeiras e debêntures, seguidos por notas promissórias e CDBs com prazos variados”, diz Reinaldo Le Grazie, diretor de renda fixa e multimercado do Bradesco. O objetivo de aumentar o prazo de resgate do fundo é ter mais crédito na carteira, o que proporcionou ganhos de 10,77%, em 12 meses. “Com mais títulos podemos acessar o mercado secundário, por exemplo.t” 

 

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De acordo com ele, quando não há pedidos de resgate e dinheiro em caixa, compram-se novos papéis com prazo mínimo de 90 dias. “É mais fácil do que fazer gestão de um fundo com resgates curtos de até três dias, por exemplo.” Outro tema presente quando o assunto é renda fixa é a taxa de administração dos fundos. Se muito alta, pode até causar prejuízos. Porém, Le Grazie ressalta que os investidores devem calcular o rendimento real, antes de colocar o dinheiro em um fundo. “Uma rentabilidade e retorno mais alto é mais importante que a taxa de administração muito baixa”, afirma Le Grazie.

 

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Quem quer ganhar mais terá de assumir mais riscos