Um rapaz tira uma foto de si mesmo fazendo biquinho com a boca e anuncia que está vendendo seu beijo. Uma linda moça aprecia a proposta e então eles marcam um encontro para o jovem “entregar” o pedido. Eles se beijam, enquanto se ouve de fundo uma suave música. Essa cena fez parte de uma campanha publicitária, veiculada em 2006, que tinha o objetivo de posicionar o Mercado Livre como uma plataforma para consumidores venderem entre si produtos diversos. Sete anos depois, a história mudou. A propaganda lançada pela empresa recentemente mostra um consumidor dentro de uma loja com uma imensa gama de produtos à disposição. A ideia agora é destacar o Mercado Livre como um grande shopping center virtual, com lojas de diferentes segmentos vendendo produtos para o consumidor final. 

 

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Novo perfil: Mercado Livre, de Stelleo Tolda (foto), quer atrair

lojas virtuais especializadas 

 

“Estamos nos posicionando há alguns anos como uma empresa de tecnologia de soluções ao comércio eletrônico”, disse à DINHEIRO Stelleo Tolda, diretor de operações do Mercado Livre, companhia argentina que tem como um de seus acionistas o eBay, prestigiada marca desse segmento. Esse novo perfil de negócios recebeu um impulso no final de outubro. Na ocasião, a empresa fez a chamada abertura de API (sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicativos). Isso permitiu aos varejistas online integrar suas lojas à plataforma do companhia , que atua em 13 países, entre eles México, Argentina, Colômbia e Chile. A solução se destina principalmente aos sites especializados, que podem usar o Mercado Livre e sua base de 85,7 milhões de usuários cadastrados como uma vitrine digital para seus produtos. 

 

A primeira loja a adotar a plataforma foi a Bebê Store, especializada em artigos infantis. “Estimamos que, até o final do ano, 10% do nosso faturamento seja obtido por meio dessa plataforma”, diz Leandro Simões, diretor de novos negócios da Bebê Store. Entre as demais marcas de comércio eletrônico que já integram o sistema estão a 21 Diamonds, de joias e bijuterias; a Jocar, de autopeças; e a Oppa, de móveis e objetos de design. “A ideia é atuar como se essas empresas fossem lojas-âncora do nosso shopping virtual”, diz Leandro Soares, diretor de marketplace do Mercado Livre. O segmento de marketplace, modo como a empresa denomina o ambiente de venda de produtos, é responsável por cerca de 60% do faturamento do Mercado Livre. 

 

Além dessa divisão, a empresa tem hoje outras quatro: Pago, sistema de intermediação de pagamentos; Shops, loja virtual para pequenas empresas; Ads, de publicidade no site; e o Envios, serviço de logística, operado em parceria com os Correios. Essas divisões geraram uma receita de US$ 102,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 36% em relação ao mesmo período do ano passado – em 2012, o faturamento total foi de US$ 373,6 milhões. Para incrementar a plataforma para lojas virtuais, a companhia vai destinar US$ 10 milhões para projetos de start-ups. O objetivo é selecionar soluções de tecnologia que expandam ou aprimorem os serviços. “Nossa meta é investir entre US$ 50 mil e US$ 100 mil em cada empresa escolhida”, disse Tolda, segundo o qual, ao contrário do que possa parecer, o Mercado Livre não tem intenção de abrir um braço de investimento de risco em novas empresas. Ao menos por enquanto.

 

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