O movimento das aberturas de capital na bolsa em 2013 pode ser dividido em duas fases. A primeira, até o dia 24 de abril, em que oito ofertas públicas iniciais (do inglês Initial Public Offerings, ou IPOs) e vendas de ações de empresas já listadas movimentaram R$ 4,4 bilhões. E a segunda fase, a partir do lançamento de ações da BB Seguridade, empresa controlada pelo Banco do Brasil que é responsável pelas atividades de seguros, previdência e capitalização do banco. A partir dessa abertura de capital, o segundo maior IPO da história da bolsa, o ano de 2013 tornou-se um dos mais significativos em vendas de ações, movimentando R$ 23,4 bilhões, quase a soma de 2011 e de 2012.

O lançamento da BB Seguridade, que caminha rapidamente para tornar-se a maior empresa de seguros, previdência e capitalização do País, movimentou R$ 11,47 bilhões. As reservas dos investidores foram o triplo da oferta, e, diferentemente do que ocorreu com a maioria dos lançamentos do ano passado, os papéis premiaram regiamente quem comprou. Do lançamento até o fim de agosto, as ações valorizaram-se 120%, e o valor de mercado da BB Seguridade superava R$ 70 bilhões no fim do mês, ante R$ 92 bilhões do próprio banco.

A nova empresa, da qual o BB possui 70% do capital, já contribuiu com proventos de R$ 2,5 bilhões, em 2013, e de R$ 1,5 bilhão, no primeiro semestre deste ano, além de ter engordado os resultados do banco em mais de R$ 7 bilhões com a venda dos papéis. O sucesso da abertura de capital da BB Seguridade mais o crescimento da participação do banco no mercado de crédito e sua diversificação para novos mercados fizeram o Banco do Brasil ser escolhido A Empresa do Ano por AS MELHORES DA DINHEIRO. “O surgimento da companhia foi um marco para os negócios do Banco do Brasil e para o mercado de capitais brasileiro”, diz Aldemir Bendine, presidente do banco.

“Na contramão do humor do mercado, mostramos que negócios consistentes não dependem de análises momentâneas da economia.” Outro ponto relevante é o crescimento dos empréstimos. O BB ampliou sua participação de 20,7% do mercado, no segundo trimestre de 2013, para 21,3%, em junho de 2014. Para um banco, expandir a carteira de empréstimos sempre tende a ser um movimento arriscado, pois a tendência é captar, primeiro, os piores clientes da concorrência – ou seja, os tomadores de empréstimo que oferecem maior risco de inadimplência.

No entanto, o BB vem conseguindo manter os índices de inadimplência abaixo da média do mercado. Em junho de 2013, ainda devido ao rescaldo do aumento do calote nos anos anteriores, a inadimplência média do sistema financeiro era de 6,2%. No BB, esse indicador estava em 5%. Doze meses mais tarde, o esforço combinado dos bancos para limpar suas carteiras começava a dar frutos e a inadimplência média do sistema havia recuado para 4,78%. No caso do BB, a queda foi ainda mais expressiva, para 3,57%.

“Mantemos nosso foco em carteiras de menor risco, modelo que adotamos há muito tempo e que agora passou a balizar a atuação de outros grandes bancos – caso do crédito consignado, por exemplo”, diz Bendine. Os próximos passos, além de reforçar a participação no crédito imobiliário, que vem crescendo a uma taxa de 80% ao ano, são ampliar a concessão de empréstimos para o setor automotivo por meio da parceria com o Banco Votorantim e ampliar essa cooperação para o crédito consignado.

O raciocínio é simples: a BV Financeira, promotora de vendas do Votorantim, oferece empréstimos para a compra de automóveis em uma ampla rede de mais de 20 mil revendedores de todos os tamanhos espalhados pelo País. Nada mais lógico do que aproveitar essa capacidade instalada para oferecer consignados, empréstimos de baixo risco que são a nova menina dos olhos do sistema financeiro. A meta do BB é manter o ritmo de crescimento. “Mas sempre buscaremos crescer sem flexibilizar nossa política de crédito, caracterizada pelo rigor técnico e por uma postura conservadora”, diz Ben­dine. “Há espaço para conceder mais crédito dentro dos níveis projetados sem que ocorra diminuição da qualidade da carteira.”