11/01/2012 - 21:00
Pouca gente nasce com o dom de manipular com perfeição ingredientes e apetrechos de modo a produzir delícias na cozinha. A grande maioria tem de se dedicar para aprender desde a preparação de um simples ovo frito até um sofisticado confit de canard. Para sorte dessa turma, há escolas de culinária em profusão, vários livros e programas dedicados ao tema. Da mesma forma, quem não domina as técnicas financeiras precisa estudar para montar uma estratégia bem-sucedida e evitar investimentos de difícil digestão. Nesse caso, também há opções de aprendizado para todos os gostos e bolsos. Para aprender como fazem os profissionais, é possível dedicar bastante tempo e dinheiro em cursos de especialização, como as pós-graduações e os MBAs dedicados ao tema.
Com cargas horárias de até 600 horas e investimentos de vários milhares de reais, esses cursos ensinam os princípios, os fundamentos e os cálculos do mercado financeiro. Os mais conceituados são oferecidos por universidades federais e estaduais, além das consagradas Fundação Getulio Vargas (FGV), Fundação Instituto de Administração (FIA), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). “Nesses casos, paga-se o preço pelo conhecimento avançado, os cursos são bastante caros, mas respeitados no mercado e com conteúdo primoroso”, diz José Alberto Netto Filho, professor de educação financeira da BM&FBovespa.
Outros cursos são oferecidos pelas entidades do setor, como a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a Associação Nacional de Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). Mais técnicos e voltados para quem deseja trabalhar no mercado de investimentos, eles também são recomendados para quem busca uma atuação mais estruturada no mercado. Quem não tiver tanta ambição nem disposição pode aproveitar os diversos cursos gratuitos oferecidos pelo mercado. Começando pelas ações. O candidato a provar as delícias e os riscos do mercado acionário deve ter alguns conhecimentos básicos não só de como funciona a dinâmica das bolsas, mas também sobre como mover-se de maneira segura no universo das cotações.
Para isso, é possível aproveitar as aulas ministradas pela BM&FBovespa. A bolsa oferece cursos gratuitos que cobrem desde assuntos básicos, como a elaboração do orçamento doméstico, até estratégias mais sofisticadas para aplicar em ações e derivativos. “Os cursos são bem básicos, explicamos conceitos de matemática financeira, juros simples e compostos e falamos de aplicações como caderneta de poupança, Tesouro Direto e, claro, bolsa de valores”, diz Netto Filho. Até novembro de 2011, mais de 3,1 milhões de pessoas haviam comparecido a algum curso da bolsa. O investidor também pode servir-se da educação a distância. Mais práticos – mas mais superficiais –, os programas da série Educação Financeira são exibidos todos os sábados às 12h45 pela TV Cultura.
Os programas, cujo conteúdo também foi desenvolvido pela bolsa, explicam conceitos de economia e finanças pessoais. O site www.tveducacaofinanceira.com.br traz planilhas de orçamento, calendário financeiro e explicações sobre cálculos de juro real, além da memória dos programas. A internet oferece amplas oportunidades para adquirir conhecimento. Claro que, assim como ocorre com as receitas dos gourmets, as financeiras devem ser testadas com cautela. Afinal, um erro causa mais que um desperdício de ingredientes, pode provocar a bancarrota de uma família. “Ler os diversos sites que falam sobre investimentos pode ajudar a conhecer melhor o universo das finanças”, diz Netto Filho. “Mas não recomendo seguir o passo a passo de um blogueiro, por exemplo, com o risco de se perder o capital que possui.”