No afã de chegar cada vez mais perto dos consumidores, muitos empresários passaram a aderir a causas que não guardam r relação com seu negócio, mas que estão presentes nos valores defendidos por eles. Um caso emblemático foi a decisão do bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, de financiar pesquisas para a cura da AIDS e da malária, entre outras inúmeras atividades. Mas o chamado ativismo empresarial não vive apenas de quem investe dezenas de bilhões de dólares em iniciativas de grande vulto, como é o caso da Fundação Bill e Melinda Gates.

Mais que o valor do cheque, o que conta neste caso é a disposição do fundador ou CEO da empresa de sair da zona de conforto e assumir o papel de protagonista. No Brasil, existem inúmeros exemplos nesse sentido. Um deles é a agência flutuante criada pelo Bradesco, na Amazônia. Por meio dessa iniciativa, os moradores das comunidades ribeirinhas, antes praticamente isoladas do mundo, podem acessar serviços financeiros. A valorização de uma nova forma de trabalhar, alinhada com as novas demandas da cidade, também entra nesta conta.

E quem está fazendo bonito nesse quesito é a filial da TNT Mercúrio que aproveitou a proliferação de ciclovias na caótica região central de São Paulo para testar o uso de bicicletas em larga escala, nas entrega de encomendas. “Os clientes estão vendo a iniciativa como algo criativo e estão nos incentivando”, afirma Maurício Cortizo, diretor regional da TNT. “Eles ligam e pedem que a entrega seja feita por bicicleta.” A intenção é adotar o serviço também na cidade do Rio de Janeiro e nas demais cidades nas quais atua. Outra que “arregaçou as mangas” e decidiu investir seus esforços para ajudar a resolver questões que afetam a coletividade foi a cearense Coelce.

Por meio da instalação de 103 ecopontos espalhados pelo Estado, a empresa de energia vem dando lições de educação ambiental. Seus clientes são estimulados a levar resíduos recicláveis como papel, papelão e alumínio para esses locais, pela possibilidade de trocá-los por desconto na conta de luz. Neste verdadeiro jogo de ganha-ganha, dois mil clientes já conseguem até zerar a conta de luz todo mês. Para evitar prejuízos em seu faturamento, a concessionária vende os materiais para recicladores. “Além do mote ambiental, o projeto traz benefícios sociais e econômicos para a população”, afirma Márcia Massoti, diretora de sustentabilidade da Enel, controladora da Coelce.

Muitas vezes, a disposição de se debruçar sobre a solução de problemas comunitários, ou incentivar bandeiras sociais guarda relação direta com o grau de ativismo do fundador ou CEO da empresa. Alguns migram para o outro lado do balcão, exatamente pela busca de um propósito maior para suas vidas. É o caso do carioca Leonardo Letelier, fundador da empresa social Sitawi. Profissional destacado do mercado financeiro, ele deixou o emprego para se tornar um “banqueiro” de ONGs. “Era um profissional bem sucedido, mas já não via propósito no meu trabalho”, diz. “Foi aí que resolvi criar uma instituição financeira com este perfil.”

Confira as empresas:

• TNT Mercúrio
• Nike
• Natura
• Coca-Cola
• SAP
• Coelce
• TIM
• Bradesco
• Sitawi
• Zebu

—–

Confira também as demais categorias:

• Educação: Um desafio de todos nós
• Saúde: Avanço animador
• Ecologia: A natureza como aliada
• Tecnologia: O conhecimento a serviço das boas causas