14/12/2011 - 21:00
A madrugada da quarta-feira 7 foi agitada para o presidente da Gol, Constantino Oliveira Junior. Foi somente às altas horas da noite que ele fechou um acordo com a americana Delta Airlines, que vai investir US$ 100 milhões em troca de 3% das ações e de um assento no conselho de administração da Gol. O acerto prevê também o compartilhamento de voos, que permitirá aos passageiros comprar bilhetes para trechos internacionais da Delta pelo site da companhia brasileira e vice-versa. As negociações trouxeram a cúpula da Delta ao Brasil. Ed Bastian e Richard Anderson, presidente e CEO, respectivamente, sacramentaram o acerto, encerrando quase dois anos de conversações. “É assim que temos aumentado o volume de vendas internacionais, sem divergir do nosso modelo de negócio”, afirma Oliveira Junior. “A questão do conceito de baixo custo se mantém.”
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O acordo, na prática, é visto pelos analistas como uma resposta da Gol à fusão entre a rival TAM e a chilena LAN. O movimento da Gol pode ser explicado como parte do xadrez das alianças aéreas. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica ensaia obrigar TAM e LAN a optar por uma única aliança. A LAN faz parte da Oneworld, ao lado da American Airlines, que entrou em concordata. A TAM integra a Star Alliance. Com a união correndo sob a batuta chilena, é provável que a Oneworld seja a escolhida. É aí que o acordo passa a fazer sentido. A Latam dentro da Oneworld inviabilizaria a continuidade do compartilhamento de rotas mantido pela Gol com a American Airlines. “A Gol se antecipa e troca a American pela Delta”, diz Caio Dias, analista do Santander.
A Gol ganha também proximidade com a aliança SkyTeam, da Delta. A companhia aérea brasileira pode aproveitar a estrutura da Delta, que mantém a rentabilidade atuando em um mercado extremamente competitivo como o americano. “A Delta pode ensinar muito para a Gol”, afirma Paulo Cury, diretor da consultoria paulista Condere. O negócio representa também a oportunidade para a Delta ingressar em um mercado que deve se tornar o quarto maior do mundo até 2014. “Apesar dos gargalos, o Brasil é atrativo, especialmente com a Copa e a Olimpíada no horizonte”, diz o advogado Neil Montgomery, da Felsberg Associados.
Colaborou Fernando Teixeira