21/03/2014 - 21:00
Quase dez anos depois de deixar o País por desentendimentos com os franqueados, que reclamavam da falta de sensibilidade da matriz com as características do mercado, as rosquinhas coloridas da Dunkin’ Donuts estão de volta. A gigante americana, com 18 mil lojas em 33 países e faturamento de US$ 9,3 bilhões no ano passado, escolheu a capital brasileira para sua primeira loja nesta nova fase. A empresa desembarca no País pelas mãos de três jovens empreendedores de Brasília, sócios do Grupo OLH, Leandro Oliva, Leandro Braz e Ricardo Monteiro, que montaram a empresa em 2004 para levar à cidade as primeiras franquias da rede de sanduíches Subway.
Paul Twohig, presidente: “A América Latina é muito importante
para nós e ainda não estávamos explorando todo o seu potencial”
Chegaram a ter dez lojas na região, mas sentiram necessidade de um negócio em que pudessem crescer mais e coordenar a instalação de outros franqueados. Há dois anos, chegaram à Dunkin’ Brands Group e impressionaram a matriz americana com a sua experiência no ramo de alimentação e o conhecimento sobre o mercado brasiliense – com seu PIB per capita de US$ 34,5 mil, três vezes superior à média nacional. As primeiras três unidades devem ser inauguradas ainda neste ano. O cardápio será adaptado ao gosto brasileiro e as lojas devem oferecer, além das rosquinhas e bagels, opções mais saudáveis, como sanduíches e cafés gelados.
Entre os sabores que estão sendo testados pela equipe, estão um donut de tapioca, além do brasileiríssimo pão de queijo. Além dos espressos e cafés com sabor, também serão desenvolvidas receitas para consumo no verão. “Em cada país criamos produtos com ingredientes preferidos pelo consumidor”, contou à DINHEIRO o presidente da Dunkin´ Donuts dos Estados Unidos e Canadá, Paul Twohig. A estratégia já vem sendo adotada em outros países. As lojas do Peru, por exemplo, oferecem um frozen de uma bebida de milho muito popular no país andino. No Chile, alguns sanduíches levam abacate, como manda o paladar local. E os cardápios chineses incluem um donut recheado de carne de porco.
Nos últimos anos, a Dunkin’ Donuts cresceu acompanhando as novas tendências do mercado, com consumidores em busca de opções mais saudáveis de alimentação, além de locais agradáveis onde possam sentar para tomar um café e ler um livro ou navegar na internet. Assim, as lojas da rede nos Estados Unidos e ao redor do mundo foram se diversificando. São vários formatos, desde quiosques destinados à venda de embalagens de donuts ou café para viagem até pontos de encontro. “Num aeroporto ou estação de metrô o mais importante é a rapidez, mas em outros lugares o consumidor quer relaxar”, diz Twohig.
As cafeterias brasileiras vão buscar um público mais jovem do que os concorrentes, como Starbucks e Fran’s Café, com lojas mais coloridas e preços um pouco menores. “Queremos desenvolver o hábito de a pessoa passar todos os dias para tomar um café”, diz Leandro Oliva, presidente do Grupo OLH. Em cinco ou seis anos, quando os donuts forem produzidos no Brasil, ele quer concorrer com outro clássico brasileiro: a padaria. “Queremos que os consumidores venham tomar café da manhã aqui”, afirma. Inicialmente, os donuts serão importados da Europa congelados e assados e finalizados nas lojas.
A partir da 15ª loja a empresa começará a instalar uma cozinha industrial e um centro de distribuição. O plano é chegar a 65 unidades em cinco anos, com um investimento total de R$ 10 milhões. Enquanto monta a operação no Centro-Oeste, a Dunkin’ Brands continua à procura de parceiros no Rio de Janeiro e em São Paulo. A ideia é instalar pelo menos 100 unidades em cada um desses Estados nos próximos cinco anos. “A América Latina é muito importante para nós e ainda não estávamos explorando todo o seu potencial”, diz Twohig. Nesta nova fase, a empresa não quer subestimar a importância do sócio local para o sucesso do negócio.