Até o dia 30 de dezembro, o empresário chinês Chen Guangbiao era praticamente um desconhecido fora de seu país de origem. No entanto, durante uma cerimônia para a entrega de prêmios de jornalismo, em Shenzhen, grande cidade industrial chinesa, tudo mudou. Guangbiao aproveitou a ocasião para anunciar que estaria disposto a pagar US$ 1 bilhão para comprar o tradicional jornal americano The New York Times, controlado pela família Ochs-Sulzberger. Dias depois, o empresário alegou que buscou agendar reuniões com acionistas da empresa controladora do periódico, mas não foi atendido.

 

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Exibicionismo: Guangbiao, em protesto para “envergonhar” montadoras por poluírem o ar

 

O revés não o fez recuar. Ao contrário, o empreendedor começou a aproveitar a repercussão do caso para aparecer ainda mais e para dizer que não desistiu de comprar um grande jornal americano. Afinal, ele seria a pessoa ideal para isso, por saber lidar bem com judeus, que controlariam os grandes veículos da imprensa americana. Agora, o seu próximo alvo é o The Wall Street Journal, do magnata australiano Rupert Murdoch. No começo de janeiro, aproveitando toda a controvérsia em torno de sua figura, Guangbiao convocou uma conferência de imprensa, a qual iniciou cantando uma música de sua autoria sobre o “sonho chinês”. 

 

Embora sejam uma novidade para o Ocidente, as excentricidades de Guangbiao são famosas na China. O empresário, que enriqueceu no setor de demolição com a Jiangsu Huangpu Recycling Resources, é considerado um dos 400 homens mais ricos do país, com uma fortuna avaliada em US$ 740 milhões, em 2012, pela revista Hurun, especializada na economia chinesa. E mais: tem ganho dinheiro vendendo ar puro dentro de latas como as de refrigerante. Guangbiao afirma que teve uma infância pobre e que dois de seus irmãos morreram de inanição. 

 

Essa seria a sua principal motivação para criar o que chama de “filantropia agressiva”. Isso envolve extravagâncias como destruir a sua Mercedes-Benz no Dia Mundial Sem Carro, buscar feridos, montado em uma escavadeira, após o grande terremoto acontecido na China, em 2008, e até distribuir dinheiro na rua. O objetivo seria pressionar outros empresários, especialmente chineses, a doarem parte de suas fortunas. O problema é que jornalistas que tentaram checar as doações do empresário depararam-se com beneficiários inexistentes e valores repassados pela metade. Durante a apuração, eles passaram a receber e-mails intimidatórios com fotos de pessoas mortas.

 

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