A ex-presidente Dilma Rousseff acredita que todos os seus problemas começaram após as eleições de 2014. Para ela, se não fosse a soma entre o inconformismo da oposição por uma derrota apertada nas urnas à infelicidade de uma grave crise internacional, seu impeachment dificilmente teria sucesso. Dois erros graves de uma gestora fraca. Qualquer um que visse um País dividido teria a sensibilidade e, principalmente, a humildade de assumir seus erros passados e pedir um voto de confiança para tentar unificar os dois lados. Ela, ao contrário, reforçou seu despreparo para a posição de líder.

Sem traquejo político, escolheu reforçar a divisão entre vitoriosos e derrotados, amigos e inimigos, nós contra eles. Dilma foi quase um Zagallo com seu famoso bordão “vocês terão de me engolir”. Os problemas de Dilma começaram muito antes de sua reeleição. Decisões equivocadas, leituras pobres do cenário econômico e a crença de que suas imposições não trariam consequências para o futuro do País. Durante sua campanha, inventou fatos, manipulou dados e mostrou cenários distantes de um País em franca decadência. A então presidente fez chacota com quem falava, por exemplo, que existia uma grave crise de energia represada.

Ela mesma teve de encarar a verdade quando foi obrigada a aplicar um tarifaço imediatamente após a eleição para compensar o que estava mascarado. Desde que reviu os contratos de concessão das distribuidoras em 2012 e reduziu artificialmente o preço da energia, todo o setor elétrico e os consumidores pagam uma conta pesada. Os investimentos pararam e há um sucateamento preocupante. A Eletrobras foi sugada até o esqueleto. E o fracasso dos últimos leilões de transmissão poderá resultar num caso raro de geração suficiente sem fios para ligá-los até as residências e as indústrias.

Mas tudo isso não existiria se não fosse a crise internacional, certo? Errado. O Brasil caminha na direção contrária do mundo. Enquanto houve uma expansão média do PIB global de 3,4% e 3,1% em 2014 e 2015, respectivamente, o País registrou estabilidade (0,1%) e recessão (-3,8%). Entre as quase 200 nações, o País está no grupo das 20 piores. Essa situação, claro, não é recente. Nos dois anos anteriores (2012 e 2013), o PIB brasileiro registrou uma expansão menor do que a média mundial. O que fica provado é que a única grave crise que chegou ao País aconteceu antes de Dilma.

Naquele momento, o consumidor ainda tinha fôlego para ampliar a demanda e evitou a queda da atividade econômica. A partir daí, era preciso conhecimento para dar um passo adiante. Mas a Nova Matriz Econômica, com seus créditos subsidiados, estímulos fiscais e câmbio sob controle, provou que inteligência era artigo em falta a ela e sua equipe de arnos augustins e nelsons barbosas. Dilma inventou um País maravilha, em que as operações de crédito entre os bancos públicos e o governo federal são uma mera operação fiscal. Não são, como prevê a lei.

Esse mesmo tipo de artimanha o Brasil conheceu de perto entre os anos 1970 e 1980 quando a falta de limites provocou a inflação – que, não é coincidência, voltou a nos assombrar. Dilma mostrou aos donos de empresas familiares o mal que existe na confusão entre as contas particulares com as da empresa. A maquiagem esconde rombos, problemas e, no final, o resultado é indigesto. No caso dela, crime. Dilma fica para a história como a pior presidente do Brasil, com um quarto do seu governo em recessão. Ter descumprido a lei só a poupou de mais dois anos de fracasso, algo que suas mentiras não têm como mudar.