14/01/2016 - 18:00
Quando se pensa em exportadoras brasileiras, as primeiras empresas que são lembradas são gigantes como Vale, JBS, BRF e Bunge. Mas não é preciso ser uma potência das commodities para aproveitar as oportunidades lá de fora, sobretudo num momento de real desvalorizado frente ao dólar e com o mercado interno em retração. Diversas médias brasileiras estão se movimentando para se internacionalizarem. Uma delas é a fabricante de bronzeadores Best Bronze, fundada em 2004 em São Paulo pelo empresário Rafael Silveira, que largou um emprego no banco Santander para empreender.
“Já em 2014, durante as eleições presidenciais, percebi que o negócio iria ficar feio no Brasil e comecei a planejar as exportações”, diz. A oportunidade veio quando a rede de cosméticos Ricky’s NYC, com 30 lojas em Nova York e duas em Miami, entrou em contato com o empresário para vender os seus produtos nos EUA, depois que uma reportagem da edição americana da revista Elle mostrou que não estava só no sol o segredo para o bronzeado das mulheres brasileiras. Com o caminho aberto, a Best Bronze abriu um escritório em Miami e passou a vender os seus produtos no site da Amazon.com.
Para 2016, a empresa espera crescer 37%. E isso só será possível graças ao mercado americano. “As vendas nos EUA vão representar mais de 50% do faturamento já em 2016”, afirma. O caso da empresa ilustra os resultados de um estudo divulgado pela seguradora Zurich, e realizado pela empresa de pesquisas GfK, que indica que em 2015 dobrou o interesse das pequenas e médias brasileiras pelos mercados externos. Em 2014, apenas 5,5% delas afirmavam que consideravam a exportação uma oportunidade de negócios.
Neste ano, esse índice duplicou, para 11%, colocando o resultado da pesquisa nacional mais próximo da média mundial, que é de 13,4%. O estudo ouviu 3 mil empresas com até 250 funcionários em 159 países. “Existe uma mudança de comportamento do empresário, que pretende aproveitar o momento para se internacionalizar”, diz Paulo Alves, diretor de linhas comerciais da Zurich. “Mas eles precisam conhecer o transporte que vai usar e as legislações locais.”
Além disso, é preciso desenvolver os novos mercados, o que pode levar algum tempo. A fabricante de móveis catarinense Butzke, que produz na cidade de Timbó, decidiu em 2014 ampliar o alcance no exterior de sua linha mais sofisticada, que vai chegar a 10 países, incluindo EUA, México e Colômbia. “No próximo ano, o esforço vai ser compensado”, diz Michel Otte, diretor comercial, que espera um aumento de 20% do faturamento da empresa, para R$ 48 milhões, em 2016. Com isso, a participação das vendas externas pode representar mais de 25% da receita.