05/09/2014 - 20:00
Com a bandeira da “candidatura da responsabilidade”, o tucano Aécio Neves intensificou sua campanha, nos últimos dias, com o foco na economia. De um lado, deixou claro que “o Brasil não merece mais um governo do PT”, em referência à candidatura à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. De outro, destacou suas diferenças em relação à candidata do PSB, Marina Silva. “O Brasil não merece um novo quadro de insegurança.” Para enfatizar que seu nome representa “uma travessia segura”, Aécio tem revelado as suas armas para tirar o País de um quadro de letargia.
“Só tem um caminho para recuperar a geração de empregos, que é o caminho do crescimento”, afirmou na quarta-feira 3 à revista ISTOÉ, da Editora Três, que promove uma série de entrevistas com os principais candidatos. “O País se desindustrializou.”Aécio explicou que o anúncio antecipado do nome do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga para ocupar o Ministério da Fazenda, em caso de vitória do PSDB, tem o objetivo de sinalizar a direção que imprimirá ao País. “É muito cômodo dizer ‘ah, eu vou governar com os melhores’, mas quem é que vai governar com os piores?”, indagou o tucano, que não quis revelar o seu nome preferido para a presidência do Banco Central.
O candidato também disparou críticas ao que chamou de “populismo cambial”, mencionando o controle do governo Dilma sobre a cotação do dólar para evitar uma alta ainda maior dos preços. “Transparência é essencial para iniciarmos uma curva declinante da inflação.” As intervenções do governo na Petrobras, através do represamento do preço da gasolina, também foram fuziladas pelo candidato, que promete “reestatizar” a empresa e o Banco do Brasil. “Eu quero é tirár essas estatais desse núcleo de poder, dessa submissão a um projeto de poder que elas vivem hoje e entregá-las à sociedade brasileira com gestão absolutamente profissional”, afirma o presidenciável.
Preocupado com o encolhimento do superávit da balança comercial, que em 2014 deve ser de apenas US$ 2 bilhões, Aécio afirmou que é possível diminuir a dependência do Brasil em relação à Argentina, que vive uma crise econômica. “O País se submeteu às amarras do Mercosul e acho que há um viés ideológico que limita as nossas ações.” Se vencer as eleições, o tucano pretende ampliar os acordos bilaterais que, nos últimos quatro anos, foram firmados apenas com Egito, Israel e Palestina.
Aécio salienta que, desde o governo Lula, a orientação da política externa tem sido de distanciamento dos Estados Unidos. “Estamos fora das cadeias globais de produção e deixamos de fazer entendimento com outras partes do mundo.” Em relação ao peso dos impostos que recai sobre empresários e consumidores, o presidenciável acredita numa diminuição ao longo do mandato. “Eu não vou dizer que vai haver uma redução imediata da carga tributária, mas eu acho que dá para haver uma racionalização no sistema para que nós busquemos esse espaço fiscal, a médio prazo”, afirmou.