12/04/2013 - 21:00
Há 13 anos, a empresária mineira Elza Maria de Almeida, de 57 anos, inaugurava a Fabrini Confecções, uma pequena loja de roupas na Vila Gustavo, zona norte de São Paulo. Nesse período, houve momentos de aperto financeiro em que a comerciante teve de recorrer a empréstimos bancários para garantir o fluxo de caixa e pagar seus fornecedores. Nos últimos anos, no entanto, o quadro mudou significativamente. “A renda das minhas clientes não para de crescer”, diz Elza, que viu o seu faturamento aumentar 30% no ano passado.“Pretendo repetir a dose neste ano.” Após juntar recursos próprios e receber orientações do Sebrae de São Paulo, ela inaugurou uma segunda loja, em outubro do ano passado, no bairro vizinho, Vila Ede.
Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP: ”As pequenas empresas, ao contrário
das grandes, não dependem do mercado externo para crescer”
Otimista, Elza faz parte de um grupo numeroso de empreendedores, cujas empresas crescem a taxas muito acima do PIB – e que, silenciosamente, se transformam num dos motores da economia. A mais recente pesquisa do Sebrae-SP não deixa dúvidas. Em janeiro, o faturamento das micro e pequenas empresas paulistas, com receita de até R$ 3,6 milhões anuais, totalizou R$ 40,6 bilhões, o melhor resultado desde 2001, um crescimento de 0,9% em relação a janeiro do ano passado. Embora pareça pouco, a expansão é expressiva, pois ocorre em cima de uma base de comparação elevada. Em 2012, o faturamento real aumentou 8,1%, ou seja, nove vezes a alta do PIB.
“As pequenas empresas, ao contrário das grandes, não dependem do mercado externo para crescer”, diz Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP. “Enquanto houver emprego e consumo, a receita delas continuará subindo.” Os setores que mais crescem são comércio e serviços, que acabam sendo diretamente beneficiados pelo mercado de trabalho aquecido. No final de março, a escola de negócios Insper e o banco Santander divulgaram o Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil, com as expectativas para o segundo trimestre. O indicador, que vai de zero a 100 pontos, atingiu a marca de 75,2 pontos superando o resultado do primeiro trimestre e o do mesmo período do ano passado.
Vendas em alta: a pequena empresária Elza Maria de Almeida diz que a renda
das suas clientes não para de crescer
Nos quesitos faturamento e lucro, o índice beira os 80 pontos. Com a confiança em alta, os negócios de menor porte estão buscando mais recursos no BNDES. No primeiro bimestre do ano, o banco de fomento estatal desembolsou R$ 10 bilhões para as micro, pequenas e médias empresas, alta de 45,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Desde 2000, a participação delas no total de liberações do BNDES saltou de 20% para 47%. Vale lembrar que as médias companhias consideradas pelo banco faturam até R$ 90 milhões anuais. “O acesso ao crédito poderia ser ainda maior se houvesse mais divulgação e menos burocracia”, afirma Caetano, do Sebrae-SP. “Os bancos exigem mais de dez certidões e atestados dos pequenos empresários na hora de liberar recursos.”
Ciente do potencial que o setor tem de girar a economia – e principalmente de criar empregos –, o governo federal oficializou, no início do mês, a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Com status de ministério, a pasta herdará uma parte da estrutura do Ministério do Desenvolvimento, incluindo funcionários que já lidavam com companhias menores. Há dois anos, o nome da empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, era o mais cotado para assumir a pasta. Agora, as especulações estão em torno do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, do PSD. Seja quem for o titular, as prioridades do novo ministério estão definidas: a promoção da competitividade e o incentivo à exportação de bens e serviços.