12/09/2012 - 21:00
A atriz americana Priscilla Presley, viúva de Elvis Presley, até hoje se emociona ao falar da morte do rei do rock. Ela tinha acabado de sair de casa, no dia 16 de agosto de 1977, quando foi avisada de que Joe Esposito, seu padrinho de casamento, precisava lhe falar com urgência. Naquele momento, Priscilla desconfiou que algo estava errado. De tão nervosa, não conseguia abrir a porta de casa, em Los Angeles, enquanto o telefone tocava insistentemente. “Foi devastador”, afirma Priscilla, sobre o momento em que ouviu de Esposito que seu marido e pai de sua filha, Lisa Marie, estava morto. “Mas tínhamos de continuar com nossas vidas, e minha maior preocupação era com Lisa.”
It’s one for the money: Elvis Presley, o rei do rock, morto há 35 anos,
ainda é um dos os artistas mais bem pagos do mundo
O que se seguiu foi um ritual comum a todas as famílias que perdem um dos provedores: o inventário. O principal problema de Priscilla na época era o que fazer com Graceland, o famoso rancho de 5,6 hectares em que Elvis morava, em Memphis, no Estado de Tennessee. Apesar de valiosa, a propriedade tinha um elevado custo de manutenção. Em uma conversa com Jack Sonden, consultor de investimentos que cuidava de parte das finanças da família Presley, Priscilla teve a ideia de transformar Graceland em uma espécie de santuário dedicado ao rei do rock. A casa seria aberta ao público, para que os fãs do cantor pudessem ter a experiência de conhecer como Elvis vivia. O plano não só permitiu à família manter Graceland, que também abriga o túmulo do ídolo, como fez dele um negócio lucrativo.
“Saímos para visitar casas históricas em várias cidades dos Estados Unidos”, afirma Soden. “Quando abrimos, eu sabia tudo sobre esse negócio.” Para gerenciar a operação foi criada a Elvis Presley Corporation, empresa até hoje presidida por Soden. No ano passado, a companhia faturou US$ 55 milhões, o que faz de Elvis Presley, morto há 35 anos, um dos artistas mais bem pagos do mundo. Ele fatura mais do que badalados astros atuais, como as cantoras Beyoncé, Madonna e o ídolo teen Justin Bieber. Na semana passada, Priscilla e Soden estiveram no Brasil para inaugurar a exposição Elvis Experience. Trata-se da primeira mostra de objetos de Elvis fora dos Estados Unidos.
O evento, organizado pela empresa brasiliense 2Share, exigiu investimentos de R$ 10 milhões. A história de Elvis ilustra uma tendência no show business. Como a venda de discos vem caindo vertiginosamente desde 2000, os artistas estão dependendo cada vez mais de sua imagem para fazer dinheiro. O cantor Michael Jackson, que foi casado com a filha de Elvis, Lisa, é outro bom exemplo disso. Em 2010, ano seguinte à sua morte, seu nome e sua obra renderam US$ 170 milhões, o valor mais alto do ano e de sua carreira. Por conta disso, as gravadoras estão perdendo espaço para empresas de gerenciamento de marcas e promoção de shows. É o caso da americana Live Nation. A empresa, que faturou US$ 3,6 bilhões em 2011, gerencia a marca de grandes nomes da música como U2 e Madonna.
Com a cantora, a companhia assinou um contrato de US$ 120 milhões para o período de 12 anos. No Brasil, Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, líder da banda Legião Urbana, morto em 1994, também quer seguir os passos da família Presley. Ele acaba de criar a Legião Urbana Promoções Artísticas, empresa que será responsável por gerir os direitos autorais da obra de Russo e explorar sua imagem. Entre os projetos há um memorial, ao estilo Graceland, e um roteiro turístico que levará os fãs do compositor aos locais de Brasília onde ele se inspirava para escrever suas músicas. “Pretendo levar adiante o universo musical que meu pai criou”, afirma. O sucesso da família Presley está servindo de inspiração para o jovem Mafredini ganhar dinheiro com o legado de seu pai.