04/07/2014 - 20:00
Desde que o atacante croata Nikica Jelavic deu o pontapé inicial na partida entre a seleção de seu país e o Brasil, no dia 12 de junho, e abriu oficialmente a Copa do Mundo de 2014, o torneio vem se destacando pelas disputas emocionantes, muitas delas decididas nos últimos minutos, e pelo recorde de gols, superando a marca de 1982, na Espanha. Até as oitavas de final, foram 2,73 por jogo, ante os 2,81 da edição espanhola. Desta vez, não são apenas os locais de aglomeração de torcedores, como os estádios, bares e as Fan Fests que explodem em comemoração cada vez que a brazuca cruza as traves.
Nesta 20ª edição do certame criado em 1929 pelo então presidente da Fifa, o francês Jules Rimet, as redes sociais se tornaram uma verdadeira arquibancada virtual, onde torcedores vibram, protestam e corneteiam os adversários. Os números mostram que a Copa de 2014 já é o evento de maior repercussão na internet em todos os tempos. Até o momento, o torneio já gerou mais de 1,5 bilhão de buscas no Google. Foi, também, o primeiro a atingir a marca de um bilhão de postagens no Facebook.
Na maior rede social do mundo, com 1,3 bilhão de usuários, a repercussão da Copa já supera as últimas edições do Oscar, do Super Bowl e da Olimpíada de Inverno somadas. Para desgosto dos brasileiros, foi justamente um vacilo da seleção canarinho que conquistou a discutível honra de ser o lance da Copa mais comentado no Twitter até aqui. O gol contra do lateral Marcelo, aos 11 minutos do primeiro tempo do jogo contra a Croácia, gerou nada menos que 380 mil tuítes por minuto. A transformação das redes sociais no 12º jogador tem dois motivos.
O mais óbvio é o aumento do número de pessoas nas comunidades virtuais. Em 2010, ano da Copa da África do Sul, o Facebook tinha 600 milhões de inscritos, menos da metade do volume atual. O Twitter ganhou 200 milhões de usuários nesse período. O segundo motivo é a expansão dos smartphones, que permitem aos torcedores se conectar às redes em qualquer lugar. Há quatro anos, havia 290 milhões de celulares inteligentes em operação no mundo. Até dezembro, devem ser 1,75 bilhão. Com isso, o acesso às redes sociais por celular disparou – e qualquer um pode comentar uma jogada em poucos instantes, esteja na Arena Corinthians ou no sofá de casa.
Segundo a Oi, responsável pela estrutura de rede do torneio, a edição brasileira bateu o recorde de tráfego de dados na internet da história das Copas já em seus primeiros dez dias. Essa conectividade está levando o torneio a todos os lugares. Até os americanos, que nunca foram fãs do futebol jogado com os pés, começaram a acompanhar o torneio (veja a reportagem aqui). A mídia local criou até uma expressão para o fenômeno: “soccer fever” (febre de futebol).
“Os comentários dos amigos estimulam as conversas nos Estados Unidos”, afirma Leonardo Tristão, diretor do Facebook no Brasil. “Um fã de futebol nos Estados Unidos posta 170% mais fotos, envia 190% mais mensagens e publica 180% mais atualizações do que os não aficionados no esporte.” A mobilização em torno do torneio, facilitada pelas redes sociais, não escapou às empresas. Em suas páginas oficiais, patrocinadores como Adidas, Sony e Itaú não perdem a oportunidade de ligar suas marcas à Copa.
Mesmo quem não a patrocina oficialmente tenta tirar uma casquinha. “Um bom exemplo foi o episódio envolvendo o jogador Luis Suárez”, diz Tristão, referindo-se à mordida que o atacante uruguaio deu no ombro do jogador italiano Giorgio Chiellini. “Várias marcas usaram a situação para falar diretamente com seu público.” Muita bola vai rolar até a partida final do evento, em 13 de julho, no Maracanã, mas as redes sociais já garantiram seu lugar como titulares no jogo pela atenção dos torcedores.
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