Em 2013, o investidor teve de torcer muito para que seu dinheiro chegasse à liderança na rentabilidade. O ano que está prestes a se encerrar será lembrado como um período em que o grito de gol ficou preso na garganta dos investidores, pois nenhum dos prognósticos que move as decisões do mercado financeiro – as expectativas para crescimento econômico, inflação, juros e taxa de câmbio, entre outros – se confirmou. Isso obrigou os profissionais que administram o dinheiro dos outros a mudarem bruscamente de tática, deixando as estratégias ofensivas e partindo para a retranca. 

 

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Praia de Yoff, no Senegal: o futebol senegalês viveu um bom momento na copa de 2002,

quando sua seleção chegou às quartas de final 

 

Basta ouvir a avaliação de Luis Sthulberger, da empresa de administração de recursos vinculada ao banco Credit Suisse. “O ano começou com juros reais em 4% ao ano e está acabando com essas taxas a 7%”, diz. “Esse aumento não estava no radar, contrariou todas as previsões e provocou um efeito devastador nos preços dos ativos.” Oscilações dessa magnitude jogam para baixo os preços dos ativos reais, como ações, ouro e imóveis, e provocam prejuízos às carteiras de fundos que investem em papéis prefixados e em títulos públicos vinculados à inflação. 

 

“Bolsa, juros e câmbio, e até os ativos imobiliários, nada se comportou como estava previsto no início do ano”, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. A má notícia mesmo é que não haverá melhoras significativas em 2014, por mais que o time de gestores da Série A do mercado nacional sue a camisa. “O cenário vai continuar sendo desafiador para os investidores, devido às incertezas no mercado internacional e à turbulência que deve haver devido à eleição presidencial”, diz o economista Luiz Eduardo Assis. 

 

O principal risco externo é a indefinição sobre o programa de ajuda econômica do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que vem injetando US$ 85 milhões na economia dos Estados Unidos todos os meses. Pelas declarações de Ben Bernanke, presidente do Fed, que deixa o cargo no fim de janeiro, esse programa deve ser extinto em algum momento do primeiro semestre do ano que vem. “O fim do programa deve provocar uma alta dos juros americanos, reduzindo o interesse dos investidores de lá em aplicar no Brasil”, diz Assis. 

 

Outra incógnita é o comportamento das cotações internacionais do petróleo, em tempos de distensão entre Estados Unidos e Irã, diz Joaquim Levy, principal executivo da empresa de gestão de recursos do Bradesco, a Bram. Hoje ao redor de US$ 100, o preço do barril tem espaço para cair, o que significaria uma injeção de ânimo em economias europeias e no Japão. “Se as cotações do petróleo se mantiverem consistentemente abaixo de US$ 90, haverá uma boa recuperação na Europa e no Japão, com reflexos positivos para o Brasil”, diz ele. Este e outros cenários são discutidos nesta edição especial Onde Investir em 2014. 

 

Ela contou com a colaboração da empresa de informações financeiras Economática, que preparou as tabelas mostrando as ações e as empresas mais rentáveis e os melhores fundos de investimento em cada categoria. Para premiar esses fundos, foi escolhido um indicador clássico do mercado financeiro, o índice de Sharpe. Desenvolvido pelo economista americano William Sharpe, nascido em 1934 e laureado com o Prêmio Nobel de economia de 1990, esse índice permite, por meio de um cálculo simples, comparar investimentos para definir qual deles apresentou o melhor desempenho durante um determinado período. 

 

Esse indicador avalia o desempenho de um fundo comparando sua rentabilidade e suas oscilações às de um ativo livre de risco. Assim, é possível determinar quais fundos proporcionaram mais ganho ao investidor sem expô-lo a grandes incertezas. Ao avaliarmos os fundos de previdência privada, o desempenho no ano foi tão ruim que nenhum fundo conseguiu superar o desempenho do ativo livre de risco, os juros de mercado. Por isso, optamos por listar os fundos por sua rentabilidade, mesmo sabendo que essa avaliação é incompleta.

 

Esta edição tem como tema a Copa do Mundo, que será disputada no Brasil a partir do dia 12 de junho. As imagens que ilustram este especial estão, deliberadamente, muito distantes do padrão Fifa. Com exceção da fotografia da página 66, todas elas são fruto do trabalho do fotógrafo paulista Caio Vilela. Elas exibem o futebol em sua expressão mais pura, o universo das peladas de rua, dos jogos de praia, das brincadeiras de bola que mostram a paixão universal pelo esporte bretão. Bons investimentos!