09/05/2014 - 20:00
Desde que a fusão entre Kroton e Anhanguera foi anunciada, em abril do ano passado, as ações das duas companhias se valorizaram. Mas em ritmos diferentes. A Anhanguera subiu 23,1% até a quarta-feira 7, enquanto a Kroton apresentou alta de 101% nesse mesmo período. Essa disparidade levou os acionistas e todo o mercado a questionar se não seria necessária uma revisão do acordo de troca de ações para a fusão. E foi isso que as duas companhias da área de educação, que devem formar a maior empresa do ramo no mundo, cujo valor de mercado é estimado em R$ 13 bilhões, resolveram fazer na última semana.
Na própria quarta-feira foi assinado um novo acordo, no qual ficou claro quem mandará na nova empresa: a Kroton. “Isso sinaliza para onde vai a nova empresa”, diz Felipe Martins Silveira, analista da corretora Coinvalores. “Sabemos que a gestão ficará a cargo da Kroton”, afirma. Não por acaso, seu CEO, Rodrigo Galindo, já foi anunciado como o principal executivo da companhia originada da fusão. Com a alteração nos termos do acordo, os acionistas da Kroton aumentaram suas ações de 57,5% para 66,5%, enquanto os da Anhanguera tiveram suas cotas reduzidas de 42,52% para 33,5%. “A performance depois do anúncio de fusão foi muito diferente”, afirma Carlos Monteiro, presidente da CM Consultoria, especializada em ensino.
“Está cada vez mais claro que essa operação não é uma fusão, mas uma compra.” Agora, a expectativa é o julgamento da união entre as duas companhias pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O parecer final está marcado para a quarta-feira 14. Em dezembro do ano passado, o órgão já tinha observado que a nova empresa produziria uma grande concentração de mercado, havendo sobreposição em três cidades nos cursos presenciais e em 55 municípios no ensino a distância. O Ministério Público Federal também já fez recomendações para a venda de ativos para que a fusão seja aprovada.