28/11/2012 - 21:00
Os livros de magia, assim como os relatórios e balanços financeiros, são cheios de significados nas entrelinhas. Então, antes de começar a conjurar os recursos para investir, é fundamental estudar bem as receitas. A boa notícia é que, tratando-se do aprendizado da melhor forma de lidar com dinheiro, há uma infinidade de cursos, de páginas na internet, de livros e de mestres dispostos a ensinar os segredos aos aprendizes interessados. A educação financeira é crucial para garantir que cada investidor administre seu orçamento para não apenas economizar de modo a ter um estilo de vida com qualidade, mas também para ter uma sobra de caixa que possa ser investida. “Educação financeira é a base da liberdade, da criação de riquezas pessoais e da qualidade de vida”, diz Conrado Navarro, sócio-fundador do blog Dinheirama.
Com o boom do consumo e dos financiamentos nos últimos anos, muitos brasileiros precisam aprender a equilibrar as finanças. Segundo dados do Banco Central (BC), o endividamento voltou a bater recorde. Em agosto, a dívida total das famílias equivalia a 44,46% da renda acumulada nos últimos 12 meses. O percentual é o maior desde 2005, quando o BC começou as pesquisas. Não por acaso, ensinar os mistérios das finanças é um motivo de preocupação crescente que chega aos governos. Uma pesquisa encomendada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indica que o nível de educação financeira é baixo até mesmo em países desenvolvidos. No Japão, por exemplo, 71% dos adultos pesquisados não conheciam itens fundamentais como investimento em ações e a tributação das aplicações financeiras.
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Coreia mostraram que a maioria dos estudantes do ensino médio falhou em testes destinados a medir a capacidade dos alunos para escolher como gerenciar um cartão de crédito ou poupar para sua futura aposentadoria. Esse desconhecimento das finanças é explicado por vários motivos, especialmente no Brasil. “Se as pessoas fossem educadas a lidar com dinheiro desde cedo, em casa e na escola, haveria muito menos descontrole das finanças”, diz Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira. Mesmo quem está familiarizado com o mercado e tem reserva de dinheiro precisa de orientação constante. “Antes de investir é necessário estabelecer os objetivos e os prazos, pois dinheiro guardado sem sonho é dinheiro perdido”, diz Domingos.
Conrado Navarro, sócio do Dinherama: ”educação financeira é a base
da criação de riquezas pessoais e da qualidade de vida”
Em 2010, o governo federal publicou um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira. Seguindo as diretrizes do programa, 450 escolas públicas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e do Distrito Federal já estão desenvolvendo projetos-piloto e lecionando o tema aos alunos. O objetivo do governo é que a disciplina seja integrada à grade curricular e se estenda para cerca de 250 mil instituições de ensino, ainda sem data definida. O projeto tem o apoio de instituições privadas do mercado financeiro, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a BM&FBovespa, entre outras.
A BM&FBovespa levanta a bandeira da educação financeira desde 2002. A instituição oferece atividades e cursos que vão desde planejamento financeiro até o funcionamento dos mercados de capitais e de derivativos. Mais de 1,7 milhão de pessoas já participaram de alguma das ações educativas oferecidas pela bolsa. O Banco Central possui um Programa de Educação Financeira que prevê ações de curto, médio e longo prazo para a população em geral e para estudantes de todos os níveis, e está estruturado em pilares como planejamento financeiro, crédito, investimentos e consumo planejado, entre outros. Além dos bancos e corretoras, há vários sites especializados que se dedicam ao tema da educação financeira (confira o quadro). Agora ficou mais fácil desvendar a mágica para fazer o dinheiro render.
