22/08/2012 - 21:00
O setor educacional brasileiro passou, nos últimos anos, por um processo de consolidação, encabeçado pelas três maiores empresas da área, que são controladas por fundos de investimentos. A paulista Anhanguera é sócia do Patria Investments. A carioca Estácio de Sá associou-se ao GP Investments. E o mineiro Kroton tem o apoio dos americanos da Advent. Todos seguiram uma receita aparentemente simples: abriram o capital e, com o dinheiro captado, saíram às compras de instituições menores para oferecer ensino superior a preços baixos para a classe C. O número de alunos e o faturamento aumentaram, mas a rentabilidade caiu. Não por acaso, os três, geridos por equipes profissionalizadas, sob a batuta dos fundos, começaram a inverter essa lógica.
Galindo, da Kroton: “O importante é crescer de forma
sustentável, segura e sólida”.
Mas quem está se saindo melhor, pelo menos até agora, é o Kroton, que começou como um cursinho pré-vestibular nos anos 1960 em Belo Horizonte. Apesar de ser o menor em receita, ele tem apresentado resultados melhores. No segundo trimestre, o Kroton reportou lucro líquido de R$ 49,2 milhões e uma geração de caixa de R$ 72,4 milhões, desempenhos superiores aos das concorrentes. Em um ano, seu valor de mercado subiu 92%, para R$ 3,8 bilhões, 15% menor do que o da Anhanguera. Em 2009, ele valia 75% menos do que a rival. A reação do Kroton começou com a chegada do executivo Rodrigo Galindo, 36 anos, em março de 2010, para ocupar sua presidência. “Ele foi em grande parte o responsável por organizar as contas da empresa”, diz Ryon Braga, presidente da consultoria paranaense Hoper. Formado em direito com mestrado em educação, Galindo adotou uma gestão austera.
Um dos primeiros passos foi unificar operações, reduzindo o número de centros administrativos e áreas como RH, tecnologia e finanças. Ele reviu também o modelo de formação de turmas. O sistema trimestral deu lugar ao semestral, que eliminou as classes deficitárias. Agora, são abertas apenas aquelas que garantam uma rentabilidade de 43% durante o curso. Apesar da rigidez nos custos, Galindo não economizou na hora de abrir a carteira. Em cinco meses, fez as duas maiores aquisições do setor. Em dezembro de 2011, comprou a Unopar por R$ 1,3 bilhão. Em maio, foi a vez da Uniasselvi, por R$ 510 milhões. Ambas são fortes na área de ensino a distância, a que mais cresce no País – 70% ao ano, em média, contra 31% do ensino presencial. Para Galindo, sua meta não é transformar o Kroton no líder. “Ser o maior é consequência”, costuma dizer. “O importante é crescer de forma sustentável, segura e sólida.”