Com sua personalidade low profile e imagem conciliadora, o candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem produzido uma blindagem estratégica para Lula em setores econômicos tradicionalmente antipetistas, que vão do agronegócio quase como um todo a zonas mais conservadoras do empresariado e do mercado financeiro. O ex-governador de São Paulo tem participado de forma solo de agendas importantes com líderes do setor privado e associações classistas. Na sabatina de Lula no Jornal Nacional, dia 25 de agosto, Alckmin foi citado dez vezes pelo ex-presidente. Uma foi emblemática — mais até do que dizer que sentia até ciúme de seu vice: “Existem três palavras mágicas para governar o País”, afirmou Lula. “Credibilidade, previsibilidade e estabilidade”. E concluiu afirmando que uma chapa Lula-Alckmin trará isso interna e externamente. Bem, ter crédito, ser previsível e operar na estabilidade é exatamente o mantra que move a macroeconomia. Não à toa o nome do ex-tucano cresceu na bolsa de apostas do mercado financeiro como o preferido para comandar o Ministério da Economia. A seu favor contam ainda a proximidade de economistas respeitados, como André Lara Resende e Pérsio Arida, pais do Plano Real. Contra, apenas a ciumeira de petistas que cobiçam a cadeira.

IMOBILIÁRIA BOLSONARO
Clã do dinheiro vivo

“Qual o problema em comprar com dinheiro vivo algum imóvel?” Presidente Jair Bolsonaro Questionado pelo jornalismo profissional. (Crédito:Divulgação)

E você aí preocupado em fazer o dindim render acima do CDI… Sabe nada. Jair Bolsonaro & Filhos (além de outros parentes diretos) compraram pelo menos 51 imóveis usando dinheiro vivo nas transações. O volume corrigido chega a R$ 25,6 milhões. A reportagem foi veiculada pelo portal UOL na terça-feira (30). A equipe do veículo levou sete meses levantando as movimentações de 107 imóveis desde 1990. Questionado pelo jornalismo profissional sobre o jeito inusual de erguer patrimônio, o presidente JB respondeu:

MODUS OPERANDI
Verba liberada por Arthur Lira beneficia… Arthur Lira

Sergio Lima

Barão de Itararé tinha razão. “De onde menos se espera é que nada sai.” A frase se confirma na notícia de que verbas liberadas pela emenda do relator da Câmara beneficiaram justamente o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), segundo reportagem da Folha de S.Paulo de quarta-feira (31). A obra federal é uma via calçada com paralelepípedos que leva à proximidade de duas fazendas de Lira. A estradinha fica em São Sebastião, cidade de 34 mil habitantes e cujo PIB per capita não chega a R$ 20 mil — o salário oficial anual do parlamentar é 22 vezes maior. O lugarejo é danado de sofrido: no IDH, ocupa a posição 5.209 entre 5,7 mil cidades. As obras foram bancadas pela Codevasf, estatal que no fim de julho sofreu ação da PF numa investigação sobre fraudes e desvios de dinheiro em licitações.

ECONOMIA
Desemprego cai pouco, mas informalidade é recorde

Divulgação

Nunca antes na nossa história houve uma legião tão gigante de trabalhadores informais movendo a economia do País. São 39,3 milhões de brasileiros nessa situação, ou 39,8% da população ocupada (total de 98,7 milhões). Se juntarmos a eles os 13,1 milhões de trabalhadores sem carteira assinada, outro recorde, chegamos a 52,4 milhões. Maior que a Argentina toda. Aqueles com empregos formais (& carteira assinada) somam 35,8 milhões. Os resultados foram anunciados pelo IBGE na quarta-feira (31) e referem-se ao trimestre móvel encerrado em julho. O lado bom é que a população desocupada caiu para 9,1%, apesar de ainda atingir 9,9 milhões de trabalhadores — no trimestre encerrado em junho eram 9,3% (10,1 milhões). Isso significa o menor contingente desde dezembro de 2015, no governo Dilma Rousseff.

9,1% foi a alta da inflação na Zona do Euro em agosto, na comparação anual, o nono mês seguido de recorde. Energia (+38,3%) e Alimentos (incluindo álcool e cigarro, +10,6%) puxaram os preços, segundo a Eurostat. Apesar de países como Espanha e França mostrarem desaceleração, o Banco Central Europeu deve vir com novo aumento de juro no começo de setembro, depois da elevação de 50 pontos base feita no fim de julho, a primeira em 11 anos.

David Gannon

“Se o que você fez ontem ainda te parece grande, é porque você não fez muito hoje” Mikhail Gorbachev (1931-2022)

Líder soviético morto na terça-feira (30), aos 91 anos, vítima de causa não revelada. Ele comandou a antiga União Soviética entre 1985 e 1991. Externamente, foi um dos principais responsáveis pelo fim da Guerra Fria, que acabou lhe rendendo o Nobel da Paz de 1990. Internamente, quis conduzir um programa de reformas políticas e econômicas que fugiu de controle e sucumbiu. Gorbachev sofreu uma tentativa de golpe de Estado em agosto de 1991. Apesar de ter resistido, isso desencadeou o fim da União Soviética – o que ele não pretendia – e levou à sua renúncia, em dezembro daquele ano. Vladimir Putin chegou a afirmar que Gorbachev promoveu “a maior catástrofe geopolítica do século”. Após a morte do ex-líder, o secretário- -geral da ONU, António Guterres, disse que ele foi um “estadista único, que mudou o curso da história”.

MUNDO
China responde à nossa falta de educação: com dinheiro

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Paulo Guedes, numa nova demonstração de que além de não saber conduzir a economia continua a não entender nada de bons modos, e muito menos de timing, disse na sexta-feira (26) que “não queremos a chinesada entrando aqui”. Quatro dias depois a chinesada respondeu: no ano passado o Brasil recebeu US$ 5,9 bilhões em investimentos dos asiáticos, e no período entre 2005 e 2021 foi o quarto país do mundo no ranking de participação nos investimentos globais chineses, com 4,8% do total — atrás apenas de Reino Unido (7,4%), Austrália (7,8%) e Estados Unidos (14,3%). O dinheiro de Pequim se concentra aqui em setores estratégicos como energia e petróleo & gás, mas incluem techcelebridades como Nubank, Quinto Andar e 99. Paulo Guedes parecia saber tanto, mas demonstrou saber nada.

ELEIÇÕES 2022
Sabatinas & debates em alta

Marcado por entrevistas e debates dos candidatos a presidente, o fim de agosto fez a busca por notícias pelos brasileiros disparar em relação à corrida eleitoral. Em apenas uma semana, foram mais de 30 milhões de page views. Em termos de visualizações, Lula engoliu Bolsonaro e Ciro, com quatro vezes mais views que os dois adversários somados. Também foram usadas nas buscas os termos JN (em referência ao Jornal Nacional), PF, Auxílio Brasil, entre outros. Os dados são da Taboola, uma das maiores empresas globais em geração de conteúdos na web.