22/02/2013 - 21:00
Principal porta de entrada e saída de turistas e viajantes de negócios do Brasil, o Aeroporto Internacional André Franco Montoro, em Guarulhos, popularmente conhecido como aeroporto de Cumbica, virou sinônimo de filas, atrasos e confusões nos últimos anos. A depender do Invepar, o grupo que assumiu a administração do aeroporto, no final da primeira quinzena de fevereiro, essa imagem vai mudar. Formado pela construtora baiana OAS e pelos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, e pela Airports Company South Africa (ACSA), o consórcio quer transformar o aeroporto em um centro de lazer, com opções interessantes de compras e alimentação, ao estilo dos melhores shopping centers.
Mutação: Marques, presidente da concessionária formada por Invepar e ACSA,
está mudando o mix de lojas e restaurantes
No ano passado, os sócios venceram, com uma oferta de R$ 16 bilhões, o leilão de concessão de Cumbica promovido pelo governo federal. Atrair empresas interessadas em explorar os espaços comerciais disponíveis é parte fundamental do plano para recuperar esse investimento, que ainda soma mais R$ 6 bilhões em obras de expansão. “Como o negócio aeroportuário é totalmente regulado e não podemos controlar o preço das tarifas, o que sobra é buscarmos uma expansão maior em outras atividades”, afirma o presidente da concessionária, Antonio Miguel Marques. O plano de transformar Cumbica em um verdadeiro shopping center já está em curso. Desde novembro, quando o Invepar ainda dividia a gestão do aeroporto com a Infraero, a empresa trabalha para fechar novos acordos comerciais para os espaços que não estão travados por contratos firmados pela gestão anterior e ainda estão em vigor.
Entre as novidades já confirmadas para o aeroporto, está a primeira filial no Brasil da rede americana de hambúrgueres Carl’s Jr, trazida pela International Meal Company (IMC), dona das marcas de alimentação Viena e Frango Assado. A Ambev terá um espaço para uma chopperia com a marca Brahma. Também houve a renovação do contrato com a Dufry, operadora de lojas duty free, que vai ganhar uma área nova e poderá quase triplicar de tamanho até o segundo trimestre de 2013. Para essas empresas, a grande vantagem de instalar uma unidade em um aeropoto, e não em um shopping center tradicional, é o fato de não precisar atrair clientes. Diariamente, 300 mil pessoas passam pelo local.
R$ 6 bilhões – de investimentos serão direcionados
a obras de expansão, incluindo um novo terminal
Atualmente, os contratos comerciais de exploração dos espaços disponíveis no aeroporto representam apenas 25% da receita de Cumbica, que deve chegar a R$ 1,4 bilhão neste ano. Mas a meta estipulada pela Invepar é de elevar essa participação para dois terços da receita. Para atingir o objetivo, a concessionária está revendo o perfil das lojas e restaurantes presentes no aeroporto. Durante a gestão estatal, ganhava o espaço nos terminais quem oferecesse mais dinheiro. “Hoje, a negociação é direta com as marcas que nos interessam”, diz Marques. Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a exploração comercial de Cumbica era malfeita pela Infraero.
“O imenso potencial que um aeroporto próximo da maior cidade do Hemisfério Sul possui não era aproveitado”, afirma Leite. A disposição das lojas seguirá o perfil de cada terminal. Os terminais 1 e 4, restritos a voos domésticos, lembrarão um shopping voltado para as classes sociais B, C e D. Já o terminal 3, que está em fase de construção para abrigar os voos internacionais, se parecerá mais com um centro de compras de alto padrão, com joalherias, bancos e butiques. A concessionária também vai construir um hotel cinco-estrelas dentro do terminal 3, para passageiros em conexão, que será administrado por uma bandeira ainda em negociação. Nas proximidades do aeroporto, haverá outro hotel, um centro de convenções e duas torres comerciais. Tudo para permitir voos mais altos nos negócios da Invepar, além de boas compras aos seus passageiros.