A empresa americana de rankings U.S. News divulgou este ano uma lista com os líderes corporativos mais admirados do mundo. Nela, lideram o polêmico Eric Schmidt (ex-Google), o introvertido Mark Zuckerberg (Facebook), o showman Elon Musk (Tesla) e o simpático Jack Ma (Alibaba). Diante de um grupo tão heterogêneo, cabe uma pergunta: O que os une? Além de terem criado ou liderado empresas disruptivas que mudaram o mundo em que vivemos, eles se tornaram os maiores símbolos de exposição empresarial em tempos de redes sociais. Guardadas as devidas proporções, na era do culto ao empreendedorismo, são popstars tão populares quanto John Lennon e Paul McCartney, dos Beatles, nos anos 60.

São o avesso do que o sociólogo alemão Joseph Schumpeter definiu como o perfil ideal do empreendedor, homens como o seu conterrâneo, o magnata do aço August Thyssen: discreto e avesso ao convívio social, embora também capaz de enxergar um novo modelo de negócio e transformar o mundo. É interessante observar divergências e convergências entre a definição de Schumpeter e os líderes admirados de hoje. Como o ex-chairman do Google, Eric Schmidt, que está no topo da lista da U.S. News e não parece interessado em agradar a opinião pública. Para ele, a privacidade alheia não tem valor. “Em primeiro lugar, se há algo que você não quer que saibam talvez não devesse estar fazendo.”

Quando ouviu que pessoas não queriam ser fotografadas pelo carro do Google Street View, respondeu que podiam mudar de endereço. Na lista está também o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que depôs diante do Congresso americano em abril para explicar o uso ilegal de dados pessoais de 87 milhões de usuários da sua rede social. Na ocasião, foi chamado pelo jornal americano, o The New York Post, de “pateta social”. A imprensa ainda ironizou dizendo que Zuckerberg enviou uma versão robô de si mesmo ou que quase conseguiu simular um “sorriso humano”. A própria colega e COO Sheryl Sandberg o define como tímido e introvertido.

Mas o ranking também traz nomes como Elon Musk, que parece ter como principal atividade ser amado pela opinião pública. É o homem que leva você ao espaço, lança o carro do futuro e reage a uma crise dizendo que vai dormir na fábrica. Musk foi a inspiração para o ator Robert Downey Jr. criar o personagem Tony Stark em o Homem de Ferro. Mais cinematográfico ainda é o sexto lugar na lista dos mais admirados, o fundador da Alibaba, Jack Ma, que chegou a ser protagonista de um filme com o astro chinês chinês Jet Li no ano passado. Com saltos e socos, Ma bate vários oponentes, derrotando no fim o próprio Li. Quando deixou o cargo de CEO da Alibaba em 2013, cantou “I Love You, China” para uma plateia de 40 mil pessoas. É hoje o único líder corporativo extremamente popular tanto na China como no Ocidente.

Entre antissociais e exibicionistas, o que se pode concluir é que a admiração popular tolera diversos perfis psicológicos. O que interessa é a capacidade desses homens em transformar o mundo. Não à toa, todos os homens da lista lideram empresas com forte influência da tecnologia. Como disse o dramaturgo irlandês Bernard Shaw: “O homem sensato adapta-se ao mundo. O homem insensato insiste em tentar adaptar o mundo a si. Sendo assim, qualquer progresso depende do homem insensato.”