23/12/2015 - 18:30
Respire fundo, puxe a corda do arco, mire e dispare. As chances de você acertar no alvo em 2016 são boas. Isto porque nunca se ouviu tanto expressões como “preço de banana” ou “pechincha”. O problema é saber se já chegaram ao fundo do poço quando observadas as condições político-econômicas do País. Para não errar o alvo, DINHEIRO ouviu analistas de 11 corretoras e bancos de investimentos que indicaram ações de risco baixo, médio e alto. Confira os papéis mais recomendados e seu desempenho no ano, até 30 de novembro.
BAIXO RISCO
ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4)
Setor: bancos
Desempenho no ano: -7,84%
O maior banco de varejo do País tem mostrado robustez nos seus recentes balanços, com uma política de concessão de crédito bastante azeitada. Analistas notam que o Itaú Unibanco tem conseguido aumentar de forma crescente suas receitas com tarifas bancárias. O equilíbrio de caixa, conjugado com uma política de enxugamento de custos e despesas, também é notado. Outro ponto relevante são os ganhos de eficiência do banco, fruto da reestruturação interna sob medida.
BRADESCO PN (BBDC4)
Setor: BANCOS
Desempenho no ano: -26,35%
A compra do HSBC pelo Bradesco deu um outro contorno aos papéis do banco, e criou uma oportunidade para investir, segundo alguns analistas. Na ponta do lápis, o preço atual das ações ainda é baixo em relação ao seu patrimônio e as perspectivas são de crescimento. Obviamente que o cenário externo, principalmente a política econômica do governo federal em 2016, será um fator importante para o desempenho das ações do Bradesco, assim como a do seu rival Itaú.
AMBEV ON (ABEV3)
Setor: BEBIDAS
Desempenho no ano: 17,69%
A maior empresa de bebidas do País
tem chamado a atenção dos investidores, particularmente em relação aos dividendos estimados, que estão na casa de 5% ao ano. Com um bom caixa, gestão eficiente e diversificação de produtos, a Ambev tem a seu favor o seu gigantismo e os ganhos de escala de sua operação. Outro ponto observado como relevante pelos analistas é o esforço da companhia em focar nas chamadas bebidas premium, as cervejas, e também no mercado de não alcoólicas. E, embora o carro-chefe seja a produção para o mercado interno, as operações na América Central e Caribe caminham firme.
MÉDIO RISCO
CIELO (CIEL3)
Setor: FINANCEIRO
Desempenho no ano: 3,03%
A crescente automação de pagamentos no País credencia a Cielo a ser uma boa opção de compra, na visão dos especialistas. O contraponto é o cenário macroeconômico, com uma possível retração da atividade, mas que não deve ser primordial para um bom desempenho das ações, que têm potencial de crescimento. Além disso, a formação da Cateno, joint venture com o Banco do Brasil para gerir a base de cartões do BB, pode dar resultados já em 2016 e potencializar o preço dos papéis.
BRF ON (BRFS3)
Setor: CONSUMO
Desempenho no ano: -11,83%
As ações da companhia sofreram com a queda nas margens no mercado interno, consequência de uma política de não repasse dos custos para os preços dos produtos. Isso tornou seus papéis baratos e uma boa oportunidade de compra. Nota-se também a expansão internacional da BRF, em particular em direção ao Oriente Médio e à África, beneficiada pela desvalorização do real diante do dólar em 2015. O quadro de uma economia menos aquecida no Brasil em 2016, e consequentemente menor consumo de alimentos, é o contraponto à BRF.
SUZANO PAPEL PNA (SUZB5)
Setor: PAPEL E CELULOSE
Desempenho no ano: 71,57%
As commodities têm sofrido, e muito, com a queda dos preços nos mercados internacionais. O detalhe é que celulose tem sido uma exceção à regra, o que turbinou as ações da Suzano. A companhia anunciou que deverá realizar investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão nos próximos anos – que deverá acrescentar 400 mil toneladas de celulose à sua capacidade produtiva em 2018 -, e participar de um novo segmento de produção de bobinas de celulose. Câmbio favorável e a redução de custos promovida pela empresa também são fatores vistos com bons olhos pelos analistas.
ALTO RISCO
PÃO DE AÇÚCAR PN (PCAR4)
Setor: CONSUMO
Desempenho no ano: – 49,60%
Os papéis têm sofrido com a retração do mercado de varejo, a concorrência forte diante de rivais como o Carrefour, o peso da participação na Via Varejo – empresa formada em 2010, que congrega as Casas Bahia e do Pontofrio, pertencente ao Pão de Açúcar. Analistas observam, porém, que o grupo reúne alguns diferenciais competitivos que permitirão surfar 2016 com um pouco mais de tranquilidade. Isso porque se observa um caixa saudável e uma alavancagem baixa, de 0,6 vezes (dívida líquida em relação ao Ebitda).
KROTON ON (KROT3)
Setor: EDUCAÇÃO
Desempenho no ano: -39,38%
O setor educacional deve permanecer atrativo, apesar das restrições orçamentárias impostas ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que tiveram forte impacto negativo nos papéis da companhia. De uma forma geral, as instituições privadas têm conseguido manter uma boa captação por causa do crescimento de financiamentos privados. A evasão escolar pode ser ainda uma dificuldade em 2016, embora a boa saúde financeira da Kroton deva garantir uma situação confortável neste contexto e no de recessão da economia.
VALID ON (VLID3)
Setor: INDÚSTRIA
Desempenho no ano: 3,24%
A área de atuação da empresa é diversificada – atua em sistema de identificação, meios de pagamento, telecomunicações e certificação digital -, o que lhe garante maior resiliência ao sobe e desce da economia. A companhia tem aumentado sua participação nos Estados Unidos (EUA), o que é promissor devido ao fato de que há grande potencial de crescimento relacionado à troca de cartões magnéticos (maioria nos EUA) por cartões com chip, que são considerados mais seguros. Há ainda oportunidades interessantes para chips na Ásia, cujo potencial é quase o dobro do mercado americano.
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- Em busca do pódio
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- Na mira dos estrangeiros
- Nem tudo reluz
- Vento a favor
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– Corrida de longa distância
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