O deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) se notabilizou no Congresso menos por suas ideias e projetos do que por apaziguar o apetite de seus colegas ao distribuir biscoitos quando as votações no plenário se estendiam até tarde. Afinal, ele era o principal acionista e presidente do conselho da fabricante de biscoitos Mabel, empresa de Aparecida de Goiânia (GO), com faturamento de R$ 426 milhões em 2010. Para desgosto de Suas Excelências, os bons tempos da bolacha grátis vão ficar no passado. Na quinta-feira 10, o deputado goiano anunciou a venda da empresa familiar para a americana PepsiCo, em um negócio estimado entre R$ 700 milhões e R$ 900 milhões. “A Mabel tem sido sondada há 15 anos por compradores interessados”, disse ele à DINHEIRO. “Em 2011, vieram com muita fome e vontade de fazer negócios.”

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Os sem-biscoitos: Mabel (destaque) fornecia bolachas aos colegas do Congresso

Segundo Mabel, que teve seu nome envolvido em denúncias do Mensalão, o dinheiro da venda será aplicado em outras três empresas do grupo, como a Sandela, que atua no mercado de alimentos, a marca de bebidas Refrescante e a empresa de embalagens Cepalgo. Em termos operacionais, a Mabel adicionará cinco novas fábricas às atuais 14 da PepsiCo, além de 25 centros de distribuição espalhados pelo País. O negócio pode ser considerado, enfim, uma boa notícia para a subsidiária brasileira da PepsiCo, cujo faturamento é estimado em US$ 4 bilhões por ano. Nos meses de setembro e outubro deste ano, a companhia envolveu-se em uma série de episódios de grande repercussão que mancharam sua imagem no Brasil. Primeiro foi uma mal planejada campanha do refrigerante Pepsi que provocou protestos dos consumidores. Depois veio a crise do Toddynho aditivado, no qual 39 clientes do Rio Grande do Sul beberam um detergente ácido em vez do tradicional achocolatado.

 

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Colaborou Guilherme Queiroz