A saída da Dunkin’ Donuts do mercado brasileiro, há dez anos, deixou a impressão que as rosquinhas nunca teriam a capacidade de se tornar um produto de alto consumo no País, como acontece nos EUA. Mas a empresa de Massachusetts, que, nesse intervalo abriu o capital na Nasdaq, em 2011, levantando US$ 427 milhões, precisa explorar novos mercados para se manter atraente para os investidores. Com isso, a primeira parada foi na Ásia, continente em que a companhia desenvolveu uma presença importante especialmente na Coreia do Sul e nas Filipinas. Agora, o mercado brasileiro vira mais uma vez o alvo, mesmo que o momento de dificuldades da economia não seja exatamente o mais adequado para se fazer negócios por aqui.

“Todos os anos, tentamos selecionar mercados para investir”, diz Jeremy Vitaro, vice-presidente de desenvolvimento internacional da Dunkin’ Donuts. “O Brasil é um bom exemplo de local com potencial, mas que requer investimentos. É um país muito complexo e de resultados de mais longo prazo.” As metas são agressivas, com expectativas de superar as 200 lojas em seis ou sete anos. A expansão está toda baseada na formação de master-franqueados diferentes para cada região, que conheçam bem o perfil do público e do mercado imobiliário local. O primeiro negócio fechado foi com o grupo OLH, responsável pela abertura, em maio, em Brasília, da primeira loja da rede em sua nova encarnação no País.

O OLH administrará os negócios em Goiás e no Distrito Federal. Nesses locais, a a companhia brasileira projeta chegar a 65 unidades, até 2022. A Dunkin’ também negocia com parceiros para o Rio de Janeiro e São Paulo, com a expectativa de operar nesses Estados já no começo de 2016. “Podemos ter em cada uma dessas regiões entre 50 e 100 lojas, em seis ou sete anos”, afirma Vitaro. A pergunta que não quer calar é: teria a Dunkin’ Donuts aprendido alguma coisa com a sua frustrada primeira tentativa no mercado nacional? Segundo Vitaro, sim. Além de buscar parceiros com conhecimento do setor de restaurantes em suas regiões, o cardápio será bastante diferente em comparação com a primeira empreitada.

“Antes, era uma operação de donuts, e hoje não mais”, diz Lyana Bittencourt, dona do grupo Bittencourt, consultoria que realizou pelos últimos dois anos os estudos de mercado para a volta da Dunkin’. “Ela vai concorrer com cafeterias, não com as docerias.” Isso significa cardápios diversificados, com mais opções de bebidas e itens tipicamente brasileiros, como o pão de queijo. As lojas também devem prezar pelo conforto e incentivar o consumidor a ficar por mais tempo. A empresa aprendeu que o brasileiro gosta de ficar na loja, usar a internet, e não apenas comprar um donut e levar embora.