05/08/2016 - 19:00
Existem pessoas que se apavoram ao depararem com uma agulha. Imagine, então, o quão doloroso é o processo de extrair sangue para os portadores dessa patologia, conhecida como aicmofobia. Uma das célebres portadoras desse medo de injeções é a americana Elizabeth Holmes, fundadora da empresa de diagnósticos Theranos, que tinha como missão revolucionar a forma como se faz exames no mundo inteiro. Em 2003, aos 19 anos, Holmes largou a faculdade de Stanford para criar um modelo de exame que necessitasse de apenas algumas gotas de sangue para serem realizados diversos testes. Dez anos mais tarde, com avanços alardeados pela comandante como animadores, o valor de mercado da startup ultrapassava US$ 9 bilhões. Hoje, após uma série de fracassos, a empresa não vale nada – passou a ser vista como problemática e está sendo investigada pela justiça americana, acusada de ludibriar investidores. Como último suspiro, a Theranos apostou na classe médica para conseguir dar a volta por cima. O que não deu muito certo.
Na segunda-feira 1, Holmes apresentou um novo produto à Associação Americana de Clínica Química (AACC) – como se nada tivesse acontecido anteriormente. Trata-se do miniLab: uma máquina do tamanho de uma impressora capaz de realizar diversos testes com poucas gotas de sangue. O equipamento, no entanto, ainda precisa passar por diversos testes e o escrutínio de órgãos governamentais. Adotando um discurso mais humilde, porém ainda longe do que os presentes esperavam, a empresária assumiu a culpa por não ter iniciado o diálogo com os especialistas antes. “Temos muito a fazer com a comunidade médica e eu gostaria de ter começado essa conversa antes”, disse ela. Rusgas entre Theranos e médicos são recorrentes. Muitos profissionais questionam os avanços anunciados pela ex-estrela, que nunca foram provados cientificamente.
A incredulidade quanto à capacidade de Holmes de revolucionar o setor de diagnósticos persiste. “O que você apresentou ficou muito aquém das expectativas. Como devemos reagir?”, perguntou Stephen Master, diretor do laboratório Weill Cornell, durante o lançamento do miniLab. Alguns poucos otimistas presentes até viram um começo, mas nada que tenha sido, de fato, revolucionário.A maioria, no entanto, achou arrogante a atitude de apresentar uma nova tecnologia, sem resolver os problemas antigos da empresa. Fazer diagnósticos precisos não parece ser mesmo a praia de Holmes.