27/06/2014 - 20:00
Quando o meio-campista Rivaldo, da Seleção Brasileira, fez o corta-luz, deixando a bola livre para que o atacante Ronaldo chutasse e marcasse o segundo gol do Brasil contra a Alemanha, assegurando o quinto título mundial, boa parte dos brasileiros deve ter comemorado a vitória da Copa do Japão e da Coreia do Sul em uma televisão da brasileira Semp Toshiba. Afinal, a companhia liderava as vendas de tevês em 2002. De lá até hoje, esse mercado experimentou uma transformação profunda. As telas planas passaram a dominar o setor, praticamente aposentando as tevês de tubo.
E, com essa nova tecnologia, as coreanas Samsung e LG ascenderam como as principais forças do setor. Os números demonstram que agora quem dá bola no mercado de tevê são as coreanas. A Samsung, por exemplo, detém uma participação de 20,8% do mercado mundial, seguida pela LG, com 14%. A chinesa TCL está em terceiro lugar, com 6,5%, segundo dados da consultoria americana Statista. No Brasil, os números não são auditados, mas até as telonas da Fan Fest, que a Fifa organiza no Brasil, sabem que as duas empresas coreanas alternam-se na liderança.
Marcas nacionais, por sua vez, enfrentam dificuldade para competir. A Gradiente, por exemplo, faliu e deixou o mercado. Em 2007, a CCE passou para as mãos da chinesa Lenovo. E a ex-líder Semp Toshiba encara um duro processo de reestruturação para voltar a dar lucro. Qual o segredo das companhias coreanas para levantar a taça das tevês? Elas conseguiram produzir equipamentos que unem design e qualidade a preços baixos. “A estratégia adotada pelos coreanos é muito difícil de bater”, afirma Renato Tonelli, diretocomercial e sócio da empresa brasileira de monitores e televisores APK.
“Eles reduzem muito o percentual de lucro em cada unidade de televisor.” Em outras palavras: escala é o nome do jogo. “O mercado de tevês, hoje, é uma partida em que volume é essencial”, diz Paulo Jaen, vice-presidente de vendas e marketing para tevê da TPV, empresa chinesa que comprou a Philips, em 2011. A japonesa Sony, que chegou a liderar o mercado global de televisores até 2002, ilustra como é difícil concorrer com os coreanos. A companhia parou de fabricar componentes de tela e passou a importá-los de empresas coreanas, entre elas a Samsung e a LG.
Não se pode, no entanto, atribuir o sucesso de Samsung e LG exclusivamente à produção em larga escala. As duas companhias trabalharam de forma árdua para reverter a imagem de que produziam aparelhos baratos, mas de baixa qualidade. Ambas criaram grandes centros de inovação, na Coreia do Sul, onde pensam a melhor e mais econômica maneira de fabricar um aparelho. “Encontramos um ponto entre preço e inovação que é difícil de ser batido”, afirma Rogério Molina, gerente-geral de televisores da LG Electronics do Brasil.
Segundo Silvio Stagni, vice-presidente de eletrônicos de consumo da Samsung, 20 mil funcionários no mundo trabalham apenas focados em inovação. “Nenhuma empresa consegue competir conosco em velocidade de inovação”, afirma Stagni. Não que não existam empresas tentando. Segundo Jaen, da TPV, as empresas chinesas estão investindo forte e, em um futuro, podem virar o jogo. “Nos próximos anos, as coreanas continuarão como líderes do mercado”, diz Jaen. “Mas, daqui a algum tempo, as chinesas vão aparecer fortes.”
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