06/12/2013 - 21:00
Para delírio dos cotistas, alguns gestores de renda fixa conseguiram driblar o cenário adverso em 2013 e saíram do 0 x 0. Não foi uma trabalho fácil. A dificuldade em abrir o placar se explica pela dureza do adversário, a taxa básica de juros. Ao longo do ano, o Banco Central (BC) elevou a taxa referencial Selic em 2,75 pontos percentuais, de 7,25% para 10% ao ano. Não fosse o bastante, a curva de juros futuros ganhou um reforço na trajetória de alta com as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, sobre a retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos.
Shiraz, Irã: a seleção iraniana se classificou para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil
“Muitos investidores se assustaram com a queda na rentabilidade, pois estavam acostumados com o ganho certo”, afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC. Isso provocou um aumento na rentabilidade dos papéis vinculados à inflação. A remuneração das Notas do Tesouro Nacional (NTN) da série B, corrigidas pelo IPCA, subiu de 4% no primeiro trimestre para quase 7% no fim do ano. Essa oscilação derrubou o valor de face desses títulos e provocou prejuízos nos fundos vinculados a índices de inflação. Nenhum deles superou os juros de mercado, o que fez com que a relação entre risco e retorno de todos eles, conhecida como índice de Sharpe, fosse negativa.
Com isso, não foi possível escolher os melhores fundos, apenas indicar os mais rentáveis. Não é de espantar, portanto, que investidores tenham migrado de fundos de inflação para referenciados DI. O motivo foi o retorno das aplicações. Enquanto a rentabilidade dos fundos de renda fixa atrelados a índices recuou 2,37% em 12 meses, a dos referenciados DI acumula alta de 8,03%, até 28 de novembro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Com isso, a captação líquida dos fundos DI (diferença entre aplicações e resgates) chegou a R$ 10,5 bilhões, ante uma entrada de apenas R$ 482,7 milhões nos fundos ligados a índices.
Gestores apostam nos fundos ligados à infra-estrutura
para melhorar o ganho em 2014
De acordo com levantamento realizado pela Economática, o fundo DI que apresentou a melhor relação risco e retorno em 12 meses foi o Bradesco Empresas FIC Referenciado DI Top (veja quadro “Os melhores referenciados DI). Reinaldo Le Grazie, diretor de renda fixa e multimercados do Bradesco Asset Management (Bram), explica que a estratégia foi concentrar a gestão em posições de baixo risco e de curto prazo, que mantivessem a maior aderência possível à média do mercado. A empresa de gestão do Bradesco também apareceu como líder na relação risco e retorno nos fundos de renda fixa crédito livre, que aplicam em títulos garantidos por operações de crédito de bancos ou de empresas privadas. O motivo foi a mudança na estratégia.
“Ampliamos o prazo de resgate para 90 dias, obtendo uma folga para comprar títulos menos líquidos e mais rentáveis, mantendo a qualidade da carteira”, diz Le Grazie. Segundo dados da Anbima, essa categoria teve rentabilidade de 7,78%, em 12 meses, até 28 de novembro, inferior ao retorno do fundo do Bradesco, de 7,96%. Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM, diz que a incerteza deve permanecer no radar. “Portanto, se o investidor tiver necessidade em sacar os recursos em prazos mais curtos, a sugestão é deixar em alternativas conservadoras, como fundos de curto prazo e DI”, afirma Takahashi. “Mas se ele tem uma perspectiva de mais longo prazo, pode ser interessante investir em crédito privado ou em fundos ligados à infraestrutura, que serão mais comuns no ano que vem.”