Quando soube, no fim de 2010, que o governo holandês havia determinado ao banco ING que reduzisse os investimentos em seguros ao redor do mundo, Patrick de Larragoiti, presidente do Conselho de Administração da SulAmérica, foi enfático ao conversar com seus sócios. “Não vendam sem falar comigo”, disse ele. Dois anos e meio depois, o negócio foi fechado. Depois de algumas conversas e de uma noite passada em claro à mesa de negociação, Larragoiti anunciou, na quinta-feira 28, que havia fechado a compra da participação de 45% que o ING detinha na empresa que controla a seguradora, uma companhia fechada chamada Sulasapar. 

 

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Patrick de Larragoiti presidente do Conselho da SulAmérica: “A participação dos seguros

no Produto Interno Bruto brasileiro atualmente é de 3,6% e esse percentual pode dobrar

facilmente com a entrada de novos consumidores no mercado”

 

Com a operação, a família Larragoiti passou a controlar integralmente a Sulasapar e elevou sua participação na SulAmérica de 24,8% para 31,9%. “Isso mostra nosso compromisso com a empresa”, diz Larragoiti, que não revela quanto a família pagou aos holandeses. Compromissos à parte, o que justifica o investimento na companhia fundada há 117 anos por um imigrante basco, Joaquim Sanchez de Larragoiti, bisavô de Larragoiti, no centro velho do Rio de Janeiro, são os números. Seguros têm sido um bom negócio nos últimos tempos, e os prognósticos são cada vez melhores para o setor. Na mesma data em que anunciou o negócio e também uma recompra de 3,2 milhões de ações ordinárias e 6,4 milhões de ações preferenciais, a SulAmérica informou os resultados de 2012. 

 

Os números mostram um crescimento de 7,8% no lucro líquido, que avançou de R$ 448 milhões em 2011 para R$ 483 milhões em 2012. O faturamento com os prêmios de seguros cresceu 12,5%. Os resultados mostram um aumento da importância dos seguros-saúde: a participação desses prêmios na receita subiu de 66,2% em 2011 para 69,3% no ano passado. “É uma carteira trabalhosa, cujos resultados têm de ser perseguidos todos os dias, mas as perspectivas são excelentes”, diz Larragoiti. “O potencial de crescimento é muito grande e a melhor prova disso é o interesse dos investidores internacionais.” Na opinião dos analistas, as boas notícias para os acionistas devem continuar a chegar. Considerando-se apenas os resultados do quarto trimestre, em comparação com o mesmo período de 2011, a SulAmérica anunciou um faturamento de R$ 2,7 bilhões, crescimento de 8,3%. 

 

Os lucros cresceram 19,2%, para R$ 260,1 milhões, mais da metade de todo o ganho do ano anterior. “Embora os resultados do último trimestre sejam historicamente os melhores do ano para a seguradora, os números de 2012 surpreenderam positivamente o mercado”, avalia Carlos Firetti, analista da Corretora Bradesco. Isso deve continuar. “O primeiro semestre de 2013 deve ser ainda melhor do que o de 2012.” Não é um caso isolado. Na terça-feira 26, a concorrente Porto Seguro anunciou um lucro líquido de R$ 702 milhões em 2012, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. O faturamento avançou para R$ 11,5 bilhões, um aumento no mesmo percentual. Após examinar os números, Mario Pierry, analista-chefe do Deutsche Bank, elevou em 15% suas estimativas para o resultado da Porto Seguro em 2013.

 

O fato de as seguradoras, tanto independentes como a SulAmérica quanto vinculadas a bancos como a Porto Seguro, terem conseguido melhorar seu desempenho, apesar da queda dos juros, mostra um aprimoramento operacional. Boa parte dos resultados dos últimos anos veio dos rendimentos financeiros com a aplicação das reservas técnicas, um ganho que emagreceu com a redução da taxa Selic. Agora, para ganhar dinheiro, as seguradoras têm de vender seguros de forma rentável, o que tem sido atingido. Para Larragoiti, isso justifica o investimento na empresa. “Atualmente os seguros representam 3,6% do Produto Interno Bruto brasileiro, e essa participação pode dobrar no curto prazo”, afirma.

 

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