25/07/2016 - 18:00
O britânico Graeme Macdonald, CEO mundial da JCB, uma das maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo, com faturamento global estimado em US$ 4 bilhões, faz todos os anos ao menos uma viagem para o Brasil. Em 2013, quando pisou por aqui pela primeira vez, viu um País com enorme potencial. A fábrica na cidade paulista de Sorocaba, que consumiu mais de US$ 100 milhões em investimentos, acabara de completar um ano e funcionava com metade de sua capacidade, conforme planejado. Neste ano, no entanto, ele encontra um cenário completamente diferente. A crise econômica fez com que as vendas da JCB despencassem para menos da metade da sua estreia no Brasil. Atualmente, a capacidade ociosa de sua fábrica no País gira em torno dos 80%. “Não era o que esperávamos quando investimos aqui”, diz Macdonald. “Como solução imediata, vamos exportar para diminuir o impacto.”
A saída pelo exterior faz sentido – ainda mais analisando os números da empresa. Há quatro anos, as exportações representavam apenas 15%. Com a queda nas vendas locais, a desvalorização do dólar e a posição privilegiada da fábrica de Sorocaba, que é a única da marca na América do Sul, a aposta no exterior se mostrou necessária. Para colocar o plano em prática, a JCB recrutou o executivo José Luis Gonçalves, que chegou no ano passado e conta com diversas experiências internacionais no currículo. É ele quem está comandando a operação na América Latina. O resultado foi que as vendas para fora do País passaram a representar 50% do faturamento. Os principais mercados são outros países latino-americanos, como Colômbia e Chile.
Os bons resultados nas vendas externas renovaram a confiança da empresa no Brasil. Para os próximos cinco anos, os planos são de investir mais R$ 50 milhões no lançamento de novos modelos de retroescavadeiras e pás-carregadeiras. Para representantes do setor, contudo, o cenário ainda pode demorar para melhorar. “Enxergamos uma melhora nas vendas apenas em 2017”, diz José Velloso, presidente da Abimaq, associação que representa a indústria de máquinas e equipamentos. “Isso, se o governo colaborar com uma diminuição da taxa de juros e um câmbio favorável.”