Uma das maiores cooperativas de serviços médicos do País, a Unimed-BH precisou reinventar seu modelo de negócio nos últimos dois anos para cruzar a crise da pandemia. Vencedora na categoria Planos de Saúde do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2022, a empresa se transformou em uma autêntica companhia de tecnologia. Lançou e consolidou serviços como consultas on-line, orientação de percurso para os clientes, além de outros diversos serviços em telemedicina. O que nas últimas décadas era uma empresa de assistência em saúde se tornou uma plataforma de produtos digitais.

Segundo o diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret, a cooperativa mineira chegou à conclusão de que o futuro do negócio só será possível com a combinação entre uma boa experiência para os usuários e a agilidade permitida pela digitalização. “Inovação é o que gera sustentabilidade para as empresas e para nós da Unimed”, afirmou o executivo.

A estratégia de unir a experiência e a digitalização tem gerado bons resultados. Em 2021, mesmo com os altos índices de contaminação e mortes pela pandemia, a Unimed-BH conseguiu reduzir a sinistralidade (jargão do setor para expressar o índice de uso dos serviços). O porcentual ficou em 76,34% no ano, contra uma média de 77% a 80% do mercado em geral. A empresa encerrou o ano com receita de R$ 4,8 bilhões e 1,5 milhão de clientes, o melhor resultado da história. “É em período de guerra que crescemos porque aprendemos a trabalhar mais e melhor, com mais eficiência”, disse Peret.

FREDERICO PERET Empresa: Unimed-BH. Cargo: Diretor-presidente. Destaques da gestão: Agilidade no entendimento das dimensões da crise sanitária, reforço da cultura corporativa, foco em clientes e investimentos em digitalização. (Crédito:Divulgação)

“É em período de guerra que crescemos porque aprendemos a trabalhar mais e melhor, com mais eficiência” Frederico Peret, diretor-presidente.

Um dos pilares do crescimento da Unimed-BH tem sido a análise de dados. A cooperativa aprimorou sua plataforma de cuidado integrado, que concentra em um único prontuário digital o histórico médico do paciente. Com isso, hospitais, médicos, clínicas e laboratórios estão conseguindo realizar diagnósticos e procedimentos com muito mais rapidez e precisão, segundo Peret. “Temos usado muita tecnologia, inteligência artificial e sistemas integrados de análise de informações para sermos mais cirúrgicos nas tomadas de decisão”, afirmou o presidente.

O executivo destaca que a Unimed-BH é uma das poucas empresas de saúde no País a utilizar, atualmente, mais de 30 modelos de inteligência artificial para, de forma preventiva, fornecer uma visão mais transparente da carteira de clientes. Isso ajuda a explicar a posição da Unimed-BH no mercado de saúde de Minas Gerais. A cooperativa, de acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS), tem 52% de market share, resultado que a coloca na liderança absoluta do segmento.

Os resultados da cooperativa não chamam a atenção somente pelos dados em si, mas pelo contexto em que se deram, de alta vertiginosa dos custos e oscilações de gastos com coberturas na pandemia. O índice de Variação de Custos Médico Hospitalares (VCMH), também chamado de inflação médica dos planos e seguros de saúde, registrou alta de 25% no ano passado. Em 2020, foi de -1,9%. O número de 2021 foi mais que o dobro da inflação oficial do Brasil no mesmo período, de 10,06%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), todos os procedimentos médicos analisados apresentaram uma VCMH positiva em 2021. Em outras palavras, os gastos subiram em relação a 2020.

O levantamento do IESS considera um total de 672,6 mil beneficiários de planos de saúde no último mês de dezembro. O instituto analisa, para calcular os índices, o período de 12 meses. Para a pesquisa mais recente, que mostra os 25% de inflação médica, o período analisado foi de janeiro a dezembro de 2021. A VCMH representa o percentual de variação das despesas médico hospitalares per capita (por beneficiário) para um grupo de empresas de planos e seguros de saúde.

Mesmo com as adversidades, o mercado de planos de saúde encerrou o ano passado com 1,5 milhão de novos usuários, totalizando quase 49 milhões de beneficiários, de acordo com dados da ANS. Foi o maior volume desde janeiro de 2016. O aumento na base de pessoas com convênio médico representou um incremento de 3,18% quando comparado a 2020. O ano passado terminou com 703 operadoras de convênio médico e 254 de plano dental ativas.

E é nesse cenário de grandes desafios e turbulências que a Unimed-BH pretende buscar ainda mais eficiência em suas operações. Segundo Peret, a cooperativa está em fase avançada de desenvolvimento de uma plataforma de integração de dados com todo o sistema Unimed do País. No futuro, essa base de informações poderá ser utilizada até mesmo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se houver interesse de ambas as partes. “Ainda não existe um projeto de integração com o sistema público, mas nada impede que nos próximos anos os sistemas privados e públicos trabalhem em conjunto por mais eficiência e redução de desperdícios”, disse Peret.