14/02/2014 - 21:00
Uma tradição das escolas americanas é elaborar, ao fim do colegial, um livro com a foto dos formandos acrescida de uma avaliação dos colegas sobre o futuro do aluno. Em meados da década de 1940, um jovem Warren Buffett foi considerado “bom em matemática, um futuro corretor de ações”. Seis décadas depois, os colegas de classe de Tracy Britt Cool na pequena cidade de Manhattan, no agreste coração do Kansas, disseram que ela era “a mais provável bilionária” da turma. Ambas as avaliações estavam certas. Aos 29 anos, Tracy desponta como uma das sucessoras de Buffett. Filha de um fazendeiro do Kansas, Tracy trabalhou na propriedade do pai.
Almas gêmeas: Tracy Britt Cool (à dir.) pode ser uma das sucessoras do bilionário Buffett
“Eu odiava cada minuto, mas aquilo me ensinou ética de trabalho, dedicação e comprometimento”, diz ela. Premiada com um bônus de US$ 10 mil aos 18 anos, ela foi estudar administração em Harvard. Lá, ao lado de outras colegas, fundou uma ONG dedicada a ensinar fundamentos de finanças para as estudantes. Tracy conseguiu que as participantes fossem recebidas por Buffett, e chamou a atenção do bilionário. Tempos depois, em 2009, ela elaborou relatórios sobre o finado banco de investimentos Lehman Brothers para Buffett, e daí a ser contratada foi um passo. Sua primeira atribuição foi cuidar de uma companhia hipotecária, chamada Berkadia.
Buffett pagou US$ 217 milhões por metade de suas ações em 2009, e encarregou Tracy dos números. Em três anos, os rendimentos superaram o valor pago por Buffett. Hoje, Tracy cuida de estrelas menores da constelação da Berkshire, preside os conselhos de quatro delas e é, ao lado de Todd Combs e Ted Weschler, um dos três “Ts” que vão gerir parte dos negócios de Buffett quando ele sair de cena. A proximidade é tanta que o bilionário entrou com ela na igreja em seu casamento com o advogado Scott Cool, em setembro de 2013, no lugar de seu falecido pai.
Tracy é uma gestora linha-dura. Promoveu reestruturações e demitiu três presidentes e vários diretores das companhias que supervisiona, que empregam 10 mil funcionários e faturam US$ 4 bilhões por ano. Reservada, atenta aos detalhes e obcecada por resultados, ela soube se aproximar de Buffett. “Meu objetivo é trabalhar com um grande investidor que seja, também um professor maravilhoso e um mentor”, escreveu ela em seu ensaio de admissão em Harvard. A admiração é recíproca. “Ela pensa como eu”, afirma ele. “Não quero mais lidar com tantos presidentes de empresas, prefiro deixar as crianças-problema com a Tracy.”