Em 2007, a montadora japonesa Nissan lançou no mercado brasileiro o Sentra, até então o seu mais novo sedã global. A forma escolhida para apresentar o carro foi, de certa forma, ousada. A empresa decidiu recrutar os integrantes do The Uncles (Os tios, em inglês), banda fictícia criada para a campanha, a fim de mostrar que o carro não tinha “cara de tiozão”, jargão muito utilizado no mercado automobilístico para definir os modelos mais tradicionais, quadrados e sedãs.

Apesar de muitos afirmarem que a canção não condizia com a realidade do Sentra, o jingle fez tanto sucesso que até hoje é lembrado como um dos mais midiáticos momentos da propaganda do setor no País. O mesmo esforço da Nissan para rejuvenescer sua imagem pôde ser observado, na segunda-feira 11, na Lexus, divisão de luxo da japonesa Toyota. A montadora apresentou no Salão de Detroit, nos Estados Unidos, o cupê LC 500, modelo que chega com design arrojado que, nem de longe, se parece com o visual conservador dos automóveis da empresa.

O modelo, que chamou a atenção dos visitantes da mais importante feira da indústria automobilística mundial, é um dos mais belos e sofisticados já produzidos pela Lexus. Bonito por fora, com um design futurista que chega a lembrar os carros-conceito que são comuns em diversos salões do mundo, o LC 500 não deixou de lado a potência. Com um motor 5.0 e 473 cavalos, a máquina vai de zero a 100 km/h em menos de 4,5 segundos. Equipamentos de série como rodas de liga leve de 20 ou 21 polegadas, piloto automático adaptativo, sistema de frenagem emergencial, entre outros diversos itens, dão os toques de sofisticação e esportividade ao carro.

O preço é estimado em US$ 100 mil, nos Estados Unidos, e tem como meta destronar os alemães BMW 650i e Mercedes SL, atualmente os principais rivais do LC 500. Para isso, a intenção da Lexus, agora, é exatamente mudar os estereótipos em torno da marca, algo que o próprio presidente e herdeiro da Toyota, Akio Toyoda, admitia publicamente. Os veículos da montadora, segundo Toyoda, “não eram divertidos para se dirigir”. “Eu estava determinado em fazer uma marca mais emocional e evitar que as palavras Lexus e entediante estivessem na mesma frase novamente”, disse ele, durante o lançamento.

Pelo menos, de acordo com especialistas, a primeira impressão foi positiva. “Eles precisavam criar desejo naquele consumidor mais novo, na faixa de até 40 anos, que já tem dinheiro para gastar”, diz Amnon Armoni, professor do MBA de gestão de luxo da FAAP. “E o desejo se cria com design, com detalhes e com a potência.” Esperado nas lojas do mercado internacional ainda este ano, o LC 500 ainda não tem previsão de estreia no Brasil. O novo carro, no entanto, tem tudo para melhorar ainda mais os resultados da empresa no País.

Após um hiato de cinco anos, a Lexus voltou a atuar por aqui em 2012. Com o preço de todos os veículos com preços acima de R$ 200 mil, a grife japonesa apostou nos mimos aos clientes para convencê-los a pagarem pequenas fortunas pelos sofisticados carros. Todos os potenciais compradores são recebidos por manobristas e assistentes, mas atendidos apenas por gerentes. Chocolates suíços e champanhes franceses também fazem parte da experiência de compra.

Além disso, para evidenciar a tradição de confiabilidade da Toyota e suas marcas, a Lexus fornece garantia de quatro anos, ajuda no pós-venda e até carro reserva, caso seja necessário. A tática, por enquanto, vem dando certo. A empresa pegou carona no bom momento dos carros de luxo, que cresceram mesmo diante de uma queda de 22,8% no Brasil. A Lexus, com um aumento de 48% das vendas, foi uma das que mais se destacou. Os principais veículos vendidos foram o SUV NX 200T e os sedãs IS 250 e ES 350, luxuosos e sofisticados, cujo público-alvo é o endinheirado mais maduro, algo que pode ser alterado com o lançamento do LC 500. A conferir.