05/07/2013 - 21:00
A francesa Le Coq Sportif, marca de artigos esportivos e calçados, cujas vendas somaram € 250 milhões em 2012, fez história no Brasil e no mundo na década de 1980. Graças, em boa medida, ao patrocínio da seleção argentina de futebol, campeã da Copa do Mundo de 1986, e pelo fato de ter escalado o jogador Zico, do Flamengo, como garoto-propaganda. Na década seguinte, a empresa sumiu dos principais gramados, limitando-se a apostar em times do segundo escalão. Agora, tenta renascer, com uma roupagem nova, como uma grife identificada com o estilo de vida de jovens urbanos, esportistas ou não, que gostam de roupas com visual moderno e um toque retrô, trajetória percorrida pelas alemãs Adidas e Puma, além da americana Nike.
É com essa pegada que espera se dar bem por aqui. “Por muito tempo, o Brasil tem sido uma fonte de inspiração para os franceses”, diz Cyril du Cluzeau, diretor mundial de marketing da Le Coq Sportif. “Agora, percebemos que os brasileiros estão muito interessados em nossos produtos.” A volta ao Brasil faz parte da estratégia de crescimento global desenhado pelo grupo de investimentos Airesis, com sede na Suíça, e que desde 2005 controla a marca do galo criada pelo empresário Émile Camuset, em 1882. Nesse contexto, ficou evidente que não havia como não incluir em seu roteiro o país que vai sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Moda com estilo: as lojas da Le Coq Sportif no Brasil, comandada por Maria do Carmo Salies,
seguirão o visual das unidades abertas em Barcelona e Londres
Sua parceira local é a paulistana SPR, especializada em franquias esportivas e que distribui também os produtos da italiana Kappa. A meta da SPR é investir R$ 10 milhões de recursos próprios. O contrato, que demorou um ano para ser assinado, prevê a abertura de 50 lojas até 2017. A maior parte será operada no sistema de franquia e deve representar um gasto total de até R$ 75 milhões, sem incluir as despesas com aluguel ou aquisição do ponto de venda. São lojas com visual moderno, que nada lembram as do segmento de material esportivo. A inspiração vem da conterrânea Lacoste. Quem vai cuidar da Le Coq Sportif é Maria do Carmo Salies, mais conhecida como Dô, e que traz no currículo o lançamento da linha Adidas Originals, no Brasil, em 2001.
Cyril du Cluzeau, diretor mundial de marketing: ”Percebemos
que os brasileiros estão muito interessados em produtos franceses”
“Vamos apostar no relançamento de modelos clássicos, além de tiragens limitadas a cinco países, incluindo o Brasil”, afirma Dô. Para a consultora Ana Couto, especialista em branding, a tentativa da Le Coq Sportif em se tornar uma marca vintage faz sentido pelo histórico do galinho (veja quadro ao final da reportagem). “É uma forma de se reinventar e continuar relevante para o consumidor”, diz Ana. “Com essa postura, a marca pode ampliar o foco para o consumidor em geral, não se limitando apenas aos esportistas.” Na briga entre o galo e o jacaré, a tática para se dar bem será não ficar apenas em vestuário.
A ideia é atuar com um portfólio de calçados e acessórios maior que o da compatriota. Além de lojas da marca, Dô Salies está alinhavando acordos com tradicionais redes multimarcas de vestuário e calçados que atuam em cidades de médio e pequeno porte, nas quais não seria possível implantar uma butique da Le Coq Sportif. Com isso, a executiva espera chegar mais rapidamente a todas as regiões do País. A primeira loja, cujo orçamento está definido em R$ 1,5 milhão, ainda não tem ponto definido, mas a SPR, junto com um grupo de investidores em franquias, está em busca de espaço em um shopping na capital paulista. Agora, o galo quer cantar, mas com estilo.