01/12/2010 - 21:00
Você já pensou em assinar uma operadora de telefonia móvel do seu time preferido de futebol? Ou fazer compras no supermercado e ganhar créditos em minutos para falar no celular cuja marca é da própria empresa varejista? Em breve, isso será possível no Brasil. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o regulamento que permite a entrada das chamadas operadoras virtuais no mercado brasileiro. Bancos, varejistas, times de futebol, supermercados, igrejas e até artistas ou marcas populares poderão oferecer serviços de telefonia celular no País, alugando as redes de Vivo, Claro, TIM ou Oi. Novas empresas criadas especialmente para este fim também devem surgir.
Uma iniciativa que pode mudar a cara do mercado brasileiro de telefonia móvel. A consultoria AT Kearney estima que este novo negócio pode conquistar 40 milhões de usuários em dez anos, cerca de 20% do mercado atual, que é de 194,4 milhões de assinantes.
Em locais onde as operadoras virtuais já são realidade há quase uma década, como é o caso da Alemanha, elas atendem 35% dos consumidores. “O objetivo é ampliar a oferta de serviços e aumentar a competição”, declarou Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel.
Mas será que haverá espaço para novas empresas neste setor? “As grandes operadoras têm dificuldade de atender nichos específicos e oferecer serviços dirigidos”, afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria de telecomunicações Teleco.
Pão de Açúcar, NET, GVT e Banco do Brasil são os principais candidatos a estrear neste novo mercado. É fácil entender o interesse. A NET – que já faz pacotes combinados de tevê por assinatura, internet e telefone fixo – poderia acrescentar voz móvel em suas ofertas.
“O objetivo (da regulamentação das operadoras virtuais) é ampliar a oferta
de serviços (para o consumidor) e aumentar a competição (entre as operadoras)”
Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel
A GVT, que não opera em telefonia celular, teria a possibilidade de entrar neste segmento de forma indireta. O Banco do Brasil, que é controlador do Previ, um dos sócios da Oi, conseguiria oferecer acesso subsidiado a serviços bancários via celular e de criar promoções de redução de tarifas para os seus usuários.
O Pão de Açúcar, entre outras ações, ofereceria minutos em programas de fidelidade. Procuradas por DINHEIRO, GVT e NET afirmaram que estão estudando a regulamentação da Anatel.
O Pão de Açúcar disse que está sempre atento para a criação de serviços que possam agregar diferencial ao negócio e benefícios aos seus consumidores. O Banco do Brasil não respondeu até o fechamento desta edição.
Haverá dois tipos de operadoras virtuais no modelo aprovado pela Anatel: a credenciada e a autorizada. No primeiro, as empresas interessadas comprarão no atacado milhões de minutos das teles e os venderão (ou darão como prêmio) aos clientes.
Na segunda opção, as empresas alugam a rede de uma operadora e prestam o serviço diretamente ao cliente, dando suporte técnico e respondendo pelas reclamações. Para ser bem-sucedida, uma operadora virtual deverá ter uma estrutura enxuta, competitiva, além de um baixo custo de aquisição de novos clientes.
Só assim ela será lucrativa. Algo que a Disney, por exemplo, não conseguiu nos EUA e por isso se viu obrigada a abandonar esse mercado. O Santander, na Espanha, e a Virgin, na Inglaterra, são dois exemplos de operadoras virtuais que deram certo. A expectativa da Anatel é que entre 60 e 90 dias comecem a surgir as primeiras operadoras virtuais no mercado brasileiro.