O empresário Raul Corrêa da Silva, presidente da empresa de auditoria BDO, costuma dizer que tem dois grandes interesses na vida, além da família. Um deles é sua profissão, a contabilidade. O outro, mais controverso, é seu time, o Esporte Clube Corinthians Paulista. Silva sempre se dividiu entre ambos. Além de presidir a BDO, ele foi, durante três anos, conselheiro e diretor financeiro do Corinthians. Porém, no início de 2014, Silva teve de deixar um de seus interesses de lado para cuidar do outro.

Desligou-se do futebol para se dedicar ao maior negócio dos 15 anos de BDO, uma fusão parcial com a Baker Tilly, presidida por Osvaldo Roberto Nieto. Anunciada em janeiro, a associação inclui as operações de auditoria e outsourcing da Baker Tilly em São Paulo e da filial de Ribeirão Preto, além das atividades de prestação de serviços do Rio de Janeiro. Nieto e Ricardo Rodil, outro sócio da Baker Tilly, cuidarão desses negócios. Já as carteiras de auditoria da Baker no Rio de Janeiro, e as atividades de consultoria de São Paulo e das demais unidades do Brasil continuam operando de forma independente, com os sócios remanescentes.

O negócio criou a quinta maior companhia do mercado, com um faturamento de R$ 150 milhões em 2015, 1.300 funcionários e cerca de 2.000 clientes (veja quadro). “Percebemos que, quando disputávamos concorrências, nosso competidor mais duro era a Baker Tilly, então resolvemos unir esforços”, diz Corrêa da Silva. Perdendo em faturamento para as “quatro grandes”, as líderes de mercado com uma participação muito expressiva em companhias abertas, a BDO se concentra nas empresas de médio porte, o chamado “middle market”.

A Baker Tilly operava no mesmo segmento de mercado, sendo parceira da DINHEIRO no anuário AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. Em 2015, em sua terceira edição, o ranking apontou a Simpress como a Empresa do Ano do Middle Market. Esse segmento empresarial é o mais promissor no mercado de auditoria. O filão mais visível, que é o de conferir as contas das companhias abertas, está em um momento de refluxo, pois o número de empresas listadas em bolsa vem diminuindo desde o início de 2015. Restam as empresas de menor porte e de capital fechado.

“Para elas, poder apresentar um balanço auditado é uma vantagem na hora de negociar um empréstimo bancário”, diz Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi). “A necessidade do compliance e de apresentar números auditados é uma exigência mundial.” O presidente da BDO diz que a retração da economia, que tem obrigado as empresas a manter os custos sob controle, é benéfica para o seu negócio. “Os clientes que nos procuram em busca de serviços de contabilidade e auditoria passam a contratar mais serviços, como aconselhamento fiscal e consultoria gerencial”, afirma Corrêa da Silva. “A ordem da clientela é economizar.”