Na semana passada, o gigante da internet Google mostrou que pode ser um velocista e um maratonista ao mesmo tempo. Na segunda-feira 6, lançou o Nexus S, o segundo smartphone com sua marca, em parceria com a Samsung. À tarde, apresentou o Google eBooks, serviço de livros digitas com mais de 3 milhões de títulos, muitos gratuitos, acirrando a competição com Amazon e Apple. Por fim, o responsável pelo sistema operacional Android, Andy Rubin, demonstrou um tablet Motorola rodando uma versão do software. 

 

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Tudo isso em apenas 24 horas. Mas era pouco. Na terça-feira 7, a empresa divulgou o Chrome OS, sistema operacional para notebooks, cujos primeiros equipamentos de Acer e Samsung chegarão ao mercado no primeiro semestre de 2011. Neste caso, o alvo é a Microsoft. 

 

Até uma loja de aplicativos do Chrome, o seu navegador, similar ao iTunes Store, da Apple, foi mostrada. Na quarta-feira 8, Marissa Mayer, vice-presidente da empresa, deu detalhes de um projeto no qual o Google vai adivinhar o que você quer buscar, um sistema baseado nos hábitos de navegação e na geolocalização dos usuários. 

 

Com quase 100% de seu faturamento vindo da publicidade associada às buscas online, o Google está em um ritmo alucinante atrás de uma nova fonte de receita. A grande preocupação dos investidores é que o gigante da internet falhe nesta busca.  “O mercado parece acreditar que isto pode ser como a Microsoft versão 2”, disse à revista britânica The Economist, um analista do Citigroup. Hoje, a companhia de Bill Gates ainda é dependente do sistema operacional Windows e o pacote de automação de escritório Office. 

 

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“Finalmente teremos uma terceira alternativa viável de sistema operacional”, disse Eric Schmidt,

CEO do Google, no dia do lançamento do Chrome OS, em referência ao Windows e ao Mac, da Apple

 

O Google, de uma pequena startup em 2004, quando abriu o capital, é atualmente um império de quase US$ 24 bilhões, com tentáculos em quase tudo, de e-mail e redes sociais a aplicativos baseados na web. “Nosso modelo de negócios é de que quanto mais pessoas online melhor para o Google”, declarou à DINHEIRO Mário Queiroz, vice-presidente mundial da empresa.

 

De onde virá, então, a próxima fonte de recursos que não dependa do modelo tradicional? Há vários sinais que as apostas do Google em mobilidade e banners comecem a dar frutos. As receitas com publicidade móvel, segundo a empresa, caminham para gerar US$ 1 bilhão ao ano em faturamento. 

 

Os banners já trazem algo como US$ 2,5 bilhões para o seu caixa. Mas ambos ainda residem no modelo de publicidade. A jogada recente mais ousada é a do sistema operacional Chrome OS, que vai concorrer com o Windows, da Microsoft. 

 

Desenvolvido para rodar em notebooks, ele precisa de uma conexão com a internet para funcionar. A visão do Google é de que, no futuro, todos os serviços vão estar online. “Acho que o Chrome OS tem potencial”, diz Danny Sullivan, editor do blog Search Engine Land, uma referência no setor de busca. “Para uma nova geração que cresça totalmente na web, ele pode ser perfeito.”

 

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Não está claro como o Google ganhará dinheiro com o seu sistema operacional ou até mesmo se cobrará um valor para que os fabricantes de notebook possam usá-lo. O histórico mostra que isso não deve acontecer. 

 

O Android, usado em celulares e tablets, é distribuído gratuitamente para as empresas. O CEO da Microsoft, Steve Ballmer, disse certa vez que o Google era um cão de um truque só. Até agora, tem dado certo. 

 

Mas, assim como a Microsoft, a companhia comandada por Eric Schmidt precisa encontrar logo a resposta para a sua busca, caso não queira parecer cada vez mais com a Microsoft. Lucrativo, é verdade. Mas sem o mesmo brilho.