11/01/2013 - 21:00
Em tempos de críticas da gestão das contas públicas no Brasil, uma ideia inusitada está ganhando força nos Estados Unidos. Para driblar a dificuldade de chegar a um acordo no Congresso sobre o teto da dívida pública, por que não cunhar uma moeda, no valor de US$ 1 trilhão, depositá-la no Federal Reserve, o banco central americano, e resolver o problema da falta de recursos em caixa? A ideia ganhou força quando o economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia e crítico feroz da incapacidade de negociação dos parlamentares republicanos, juntou-se ao grupo de americanos que lançou essa ideia, num abaixo-assinado na internet. O Tesouro americano poderia usar uma brecha legal que lhe permite cunhar moedas em situações excepcionais.
“O governo vai ter de escolher entre duas alternativas: uma que é tola mas benigna (a criação da moeda), ou outra que é igualmente tola, mas é desastrosa”, argumentou o economista em seu blog, referindo-se às negociações que o presidente Barack Obama teria de fazer com o Congresso. A supermoeda não iria circular, portanto não causaria inflação. Um ano e meio após quase entrar em moratória e perder a nota máxima das agências de classificação de risco, os Estados Unidos podem enfrentar uma nova crise de credibilidade, caso não encontrem uma saída para o aperto nas contas públicas. Na véspera do Ano-Novo, uma votação de última hora evitou o abismo fiscal que levaria o país a uma recessão. Agora, a falta de um acordo entre democratas e republicanos ameaça paralisar, uma vez mais, a economia.
O governo já chegou ao limite da dívida, de US$ 16,4 trilhões, e até o fim de fevereiro o Tesouro americano deve ficar sem condições de quitar os débitos que vencerem. Para o economista Jacob Kirkegaard, do Instituto de Economia Internacional, de Washington, o risco de um calote por causa de um fracasso nas negociações é “virtualmente zero”. Embora não considere uma má ideia a opção da moeda de US$ 1 trilhão, ele diz que Obama pode alegar que tem autoridade constitucional para passar por cima do teto da dívida ou determinar ao Tesouro que priorize o pagamento dos juros. “Assim, poderia deixar de lado os gastos militares, por exemplo, para incomodar os republicanos”, afirma Kirkegaard.