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Os chineses descobriram as propriedades terapêuticas e gastronômicas do chá há cerca de cinco mil anos. Quase ao mesmo tempo, nasceu a prática de buscar antever o futuro pelo movimento das folhas de chá após sua preparação. Mais ou menos como fazem os gestores de fundos long & short. Esses fundos investem em ações, assumindo, ao mesmo tempo, posições que ganham com a alta das cotações, ou compradas (em inglês, long) e também posições que lucram com a queda, ou vendidas (short). Balanceando lucros e perdas, a estratégia dos gestores é procurar ganhar dinheiro no mercado acionário correndo menos riscos.

 

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Esses fundos dividem-se em dois tipos. Os neutros, que não dependem do sobe e desce do mercado, e os direcionais, que procuram acompanhar o movimento da bolsa. Em meio aos neutros, o que apresentou a melhor relação entre risco e retorno foi o BRZ Long Short Advanced FIC, da gestora independente paulista BRZ Investimentos. O fundo rendeu 13,5% em 12 meses, ante uma variação de 1,4% do Índice Bovespa. Segundo Allan Hadid, sócio da empresa, a estratégia foi comprar e vender ações dos setores bancário, de construção, elétrico e de consumo. Os destaques foram Kroton e Multiplan. “Analisamos 120 empresas em profundidade”, diz ele. 

 

“As mudanças nas regras do setor elétrico fizeram as cotações oscilar muito, o que proporcionou bons lucros”. Para 2013, Hadid espera uma bolsa em alta, com base nos prognósticos de um crescimento econômico mais robusto. “A queda dos juros favorece empresas de setores cíclicos e as voltadas ao consumo”, afirma. Um caminho diferente seguiu o fundo neutro BNY Mellon ARX Long Short, que rendeu 14,5% em 12 meses. Segundo o gestor Bruno de Godoy Garcia, da gestora do banco americano BNY Mellon, a estratégia foi buscar arbitrar distorções de preços de ações de setores diferentes. “Nossa estratégia é ganhar com os exageros do mercado”, diz Garcia. 

 

As posições são de curto prazo, e a carteira gira a cada quatro meses, em média. “No primeiro semestre vimos oportunidades nos papéis de consumo, nas concessionárias de serviços públicos e nos shoppings, que estavam em baixa.” No caso dos fundos direcionais, os rendimentos tendem a acompanhar a alta de um setor determinado, diz Bernardo Gomes, da gestora carioca BBM. Um de seus fundos, o BBM Equity Hedge FIC, rendeu 15,05%, em 12 meses. “Compramos papéis de shoppings, por exemplo, que ofereceram boas taxas de retorno.” Na ponta da venda estavam ações de empresas afetadas pela redução da atividade econômica internacional, como commodities e indústria.

 

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