19/12/2012 - 21:00
Pela primeira vez, o prêmio Les Arches de la Croissance (Os Arcos do Crescimento), que reconhece as empresas e subsidiárias com maior crescimento do grupo francês Saint-Gobain no mundo, foi concedido a uma companhia das Américas. A honraria coube a Weber Saint-Gobain do Brasil, fabricante de argamassas. Nos últimos quatro anos, a operação local tem crescido a taxas anuais superiores a 20%. O troféu fica em primeiro plano na mesa de centro da sala do diretor-geral da companhia no Brasil, Carlos Orlando. Afinal, ele competiu com representações de 64 países do grupo, cujas vendas atingiram € 42,1 bilhões em 2012.
Projeto piloto: Carlos Orlando, diretor-geral, em uma sala na fábrica de Jandira (SP). Novo modelo
de produção compacto começará pela Baixada Santista
Com quase todas as grandes cidades brasileiras atendidas por suas 15 unidades industriais – mais duas unidades estarão prontas até 2014 –, a fabricante de material de construção começa, no próximo ano, um novo projeto. Apelidado de Mini Cooper por Orlando, em alusão ao carro compacto de luxo, o objetivo é atacar as cidades menores, atualmente responsáveis por um forte ritmo de expansão do setor imobiliário. E a estratégia já está definida: construir minifábricas. A primeira fábrica compacta da Weber Saint-Gobain começará a operar, em junho de 2013, na Baixada Santista, litoral de São Paulo. Projetada como um Lego, o equipamento necessário para iniciar a produção cabe em apenas seis contêineres e ocupa 30% menos espaço.
Além disso, demora de 90 a 120 dias para ficar pronta, contra até dois anos de uma fábrica tradicional. Esse tipo de projeto existe na Europa e na África do Sul, mas Orlando garante que seu modelo é brasileiro. “Fui buscar o projeto e deixei claro para a equipe que queria o Fusca transformado em um Mini Cooper”, afirma Orlando. O modelo compacto permitirá uma flexibilidade maior dos investimentos e da produção, de acordo com Orlando. A capacidade produtiva é de 60 mil a 70 mil toneladas por ano, metade do que irá produzir a unidade industrial que estará pronta em 2013 no Distrito Federal. “Se essa unidade compacta daqui a dois anos não der conta, posso colocar outra no litoral norte, por exemplo”, diz Orlando.
De acordo com o executivo, o ciclo de investimentos em grandes cidades será concluído em 2014. O próximo passo natural da Weber Saint-Gobain seria investir em regiões de médio porte. Por sua vez, fábricas menores, além de necessitar de menos recursos, diminuem os custos logísticos. Afinal, elas são construídas nas regiões de alta demanda. A escolha do litoral paulista por Orlando para receber a primeira unidade compacta da empresa não se deve exclusivamente por estar localizada em uma região com um ritmo acelerado de expansão do setor imobiliário. Orlando quer acompanhar de perto os resultados do projeto. “Será feito um teste para comprovar a eficácia dessa unidade, mas já há planos para outras cidades”, afirma o executivo.
Mão na massa: as vendas de argamassa aumentaram 4%, em 2012,
taxa inferior à projeção de 10% da Weber Saint-Gobain
Na região, a companhia já possui um centro de distribuição, que deve mudar de endereço para ficar junto à fábrica. A Weber Saint-Gobain não revela quanto custa uma fábrica compacta. Orlando diz apenas que, nos próximos dois anos, irá investir R$ 100 milhões. O montante inclui, além da unidade da Baixada Santista, duas outras fábricas tradicionais. Além da que está sendo construída em Planaltina de Goiás, no Distrito Federal, a empresa constrói outra em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O valor, no entanto, é inferior ao gasto no biênio 2011/2012, que foi de R$ 140 milhões. “O mercado deu uma freada importante”, afirma Orlando.
A unidade paranaense, por exemplo, que deveria ficar pronta em 2013, foi postergada para o ano seguinte. O crescimento de demanda por argamassa, de acordo com Orlando, ficou em 4% neste ano, quando a expectativa era de 10%. Para 2013, a previsão é 5%. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, diz que os resultados de 2012 ficaram muito abaixo do esperado pelo mercado. No início deste ano, a previsão de crescimento era de 4,5%. Agora, a expectativa é que a expansão fique em 2%. Para os produtos de base, como é o caso do material fabricado pela Weber, o aumento nas vendas ficará em 1%.
“Mas estamos confiantes de uma retomada em 2013”, diz Cover. A Weber Saint-Gobain, para fazer jus ao troféu da sala de Orlando, está expandindo-se numa velocidade superior à do mercado, mas abaixo da alcançada nos últimos quatro anos. Em 2012,a estimativa é de que o seu faturamento chegue a R$ 1 bilhão, alta de 10% em relação a 2011. Em 2013, a meta é repetir a taxa de crescimento. Esse desempenho tem sido alcançado, principalmente, pelo lançamento de novos produtos. Em janeiro, por exemplo, a empresa entrou na área de impermeabilizantes. “Passamos de mil para sete mil clientes”, diz Orlando.