Idealizada em uma conversa despretensiosa entre o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, e o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, hoje à frente da AGN Participações, surgiu a B&A Mineração, companhia brasileira com foco em fertilizantes, minério de ferro e cobre. A nova empresa, lançada oficialmente na quinta-feira 12, marca a volta de Agnelli ao cenário empresarial, um ano depois de sua demissão da presidência da Vale, que ocupou por de anos. Seu objetivo é investir em oportunidades na América Latina e na África, mercados com enorme potencial de crescimento. O investimento inicial no negócio será de R$ 1 bilhão e vem, em sua maior parte, da área de Merchant Banking do BTG Pactual. 

 

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A criação da mineradora é a primeira operação concreta da holding aberta por Agnelli no começo do ano. Além de mineração, a AGN também opera nas áreas de logística e de energia. Agnelli, que assumirá o cargo de chairman da B&A, contará com um time pequeno – de apenas oito pessoas – formado, em sua maioria, por ex-funcionários da Vale, como Eduardo Ledsham, CEO da nova companhia. “Formamos uma equipe enxuta, mas de profissionais experientes, que embarcaram no projeto motivados pelo sonho do empreendedorismo”, afirma Ledsham, que trabalhou durante 28 anos na mineradora. 

 

Agnelli e Ledsham acreditam que esse é um momento propício para investir. “É uma época de capital restrito, ou seja, um período ideal para aproveitar as oportunidades, principalmente de olho no longo prazo”, diz Agnelli. Ele lançou a sua “mini-Vale” na sede do BTG Pactual, em São Paulo, ao lado de Ledsham e dos representantes do banco, Carlos Fonseca e Guto Quintella. O novo empresário, que já comandou um mamute com receitas superiores a R$ 80 bilhões e virou sócio de um gigante financeiro, continua pensando grande. “Estamos dispostos a digerir todas as oportunidades que aparecerem”, avisa Agnelli. “Não estamos nascendo para ser pequenos.” 

 

A B&A já firmou parcerias com a empresa Rio Verde, de Goiás, e com a fabricante de cobre chilena Cuprum, cuja mina deverá operar a partir de 2014. “Nosso principal objetivo é buscar janelas de oportunidades, principalmente onde existe um gap entre oferta e demanda”, afirma Ledsham.  O crescimento da demanda por recursos naturais está no eixo da estratégia da B&A. O cenário traçado pelos sócios é de procura firme por produtos minerais no mundo inteiro. “Não vejo problema para os próximos dez anos”, diz Agnelli, referindo-se, sobretudo, à China. Segundo ele, o país asiático passa por um ajuste, deixando de focar em ser uma base exportadora para olhar o mercado interno. 

 

A expectativa, segundo os executivos, é de que os primeiros projetos da B&A entrem em operação no prazo de três a cinco anos. Para isso, a intenção é concluir em seis meses a definição do portfólio de atuação. “É prematuro dizer que tipo de produto será privilegiado dentro do nosso foco, mas essa é uma fase de analisar o mercado”, afirma Ledsham. Até agora, já foram aplicados no projeto pouco mais de R$ 100 milhões. Carlos Fonseca, do BTG, diz que o capital será usado de acordo com a necessidade. “Se for preciso um aporte adicional, de acordo com as oportunidades, o montante de R$ 1 bilhão pode aumentar”, afirma Fonseca. 

 

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