10/07/2015 - 19:00
Desde que assumiu o posto, em fevereiro do ano passado, o presidente da Microsoft, Satya Nadella, tem ocupado parte do seu tempo escrevendo e-mails não exatamente agradáveis para seus subordinados. O mais recente, na quarta-feira 8, trazia uma notícia tão triste quanto constrangedora. Menos de um ano depois de anunciar a demissão de 18 mil funcionários, Nadella comunicava mais um corte, dessa vez de 7,8 mil pessoas. Essa era a parte triste. O constrangedor estava no motivo do “facão”. “Hoje, anunciamos uma reestruturação fundamental em nosso negócio de celulares”, escreveu o executivo.
“Como resultado, a companhia terá uma baixa contábil de US$ 7,6 bilhões, relacionada à aquisição da Nokia.” Para o mercado, as palavras de Nadella nada mais são do que a admissão de que a compra da fabricante finlandesa de telefones, feita em 2013, por US$ 9,4 bilhões, se transformou em um grande fracasso. Mais do que isso, toda a estratégia da companhia para o mercado de telefonia tem se mostrado um equívoco do tamanho da fortuna de Bill Gates. Os movimentos da Microsoft nesse segmento são acompanhados de perto pela concorrência desde que a Apple, ainda sob o comando do falecido Steve Jobs, lançou o iPhone, em 2007.
A empresa, no entanto, nunca deixou de decepcionar. Seu carro-chefe no setor, o sistema operacional Windows Phone, não decolou, apesar do grande domínio que o Windows possui até hoje no mercado de computadores. Atualmente, a participação da Microsoft é de aproximadamente 2%, ante 78% do Android, do Google, e 18,3% do iOs, da Apple, segundo levantamento da consultoria IDC, especializada em tecnologia. “O que ainda precisa ser visto é se a Microsoft será capaz de criar o ecossistema e a estratégia necessários para atender as demandas variadas dos consumidores”, afirma a consultoria, em relatório.
Em grande parte, a culpa pelo fracasso do Windows no mercado de mobilidade está na dificuldade de criar esse ecossistema, ou seja, ter uma gama variada de aplicativos disponíveis para os consumidores. Muitos desenvolvedores culpam a rígida política contratual da companhia pelo fato de não criarem versões de seus programas para os telefones da Microsoft. Nadella, agora, parece apostar na força do pacote Office, formado pelos programas Word, Excel e Power Point, que acabam de ganhar novas versões para celulares. Ao menos, desta vez, os planos não envolvem gastar bilhões de dólares em uma aquisição para lá de duvidosa.