Como boa parte dos integrantes da chamada geração saúde, o empresário mineiro Bernardo Lobato Fernandes, 39 anos, sempre esteve atento às novidades relacionadas aos produtos funcionais, capazes de melhorar o desempenho, após uma série de exercícios na academia ou de uma corrida ao ar livre. Não se trata apenas de curiosidade de diletante. Afinal, Fernandes é presidente e sócio da Global­bev, dona do isotônico Marathon, com­prado da Ambev em 2001, e dos energé­ticos Flying Horse e Extra Power. Agora, o empresário está buscando energia extra para que o faturamento da Global­bev alcance R$ 350 milhões em 2013, uma alta de mais de 20% sobre o ano passado.

 

5.jpg

Expansão saltitante: Lobato, presidente da Globalbev, está de olho

nos mercados americano e asiático

 

A aposta é no açaí, fruta cul­tuada por diversas tribos, desde as dos índios amazônicos até a dos lutadores de MMA, que ajudaram a popularizá-la nos EUA e na Ásia. “O mercado de açaí ainda é incipiente e composto por fabricantes de pequeno porte e marcas regionais”, afirma Fernandes. A Globalbev está atuando de forma verticalizada com o açaí. Começa com o plantio em suas duas fazendas no Estado do Pará, passa pelo desenvolvimento da fórmula e termina no envase do produto, na fábrica de Marituba, na região metropolitana de Belém. A unidade, que recebeu investimentos de R$ 17 milhões, tem capacidade para processar 70 toneladas de polpa de açaí por mês. 

 

As primeiras embalagens do Amazoo Açaí chegaram às gôndolas dos supermercados e das lojas de conveniência no fim de 2012. Essa tacada é vista como acertada pelo mercado. “Já estamos na segunda geração de consumidores de açaí, mas ainda não tínhamos fabricantes de expressão nacional atuando nessa área”, afirma Adalberto Viviani, sócio da Concept Consultoria, especializada em bebidas e alimentos. O objetivo de Lobato é usar o açaí também como uma ponta de lança para ingressar nos Estados Unidos e no Japão. O primeiro passo nessa direção foi o cadastramento de distribuidores. Ele acaba de assinar uma parceria com as redes Whole Foods, na Flórida, e Central Market, no Texas. 

 

“Por enquanto, nossa atuação internacional será na base da guerrilha”, diz Fernandes. Para isso, ele conta com a força de garotos-propaganda como os lutadores de MMA Mauricio Shogun e Joaquim Mamute. O processo de diversificação do portfólio, que inclui sucos e néctares em caixinha e em lata, já consumiu R$ 70 milhões, desde 2009. Lobato diz que a aposta no açaí não significa que os energéticos serão abandonados. Hoje, Marathon, Flying Horse e Extra Power garantem 35% das vendas da companhia, fatia idêntica à da batata frita Pringles, da qual a Globalbev é a distribuidora por aqui. Os sucos respondem por 30%. 

 

6.jpg

 

 

Força insana

Por Hugo Cilo

 

Durante 115 anos, o negócio da engarrafadora paranaense Ouro Fino, de Campo Largo, da família Mocellin, foi vender água mineral. Suas três gerações que passaram pelo comando da empresa resistiam à ideia de diversificar os negócios, mesmo sob ataque de concorrentes como a suíça Nestlé, a americana Coca-Cola e a francesa Danone. Em 2011, a empresa decidiu mudar a estratégia e lançar uma nova bebida na qual o nome remetesse à arriscada aposta: nascia o energético Insano. 

 

7.jpg

 

“Quando tomamos a decisão, os mais conservadores diziam que disputar um mercado que não conhecíamos era muito perigoso, um verdadeiro tiro no escuro”, diz Hélio Correa, presidente da Ouro Fino, o primeiro executivo de fora da família Mocellin a comandar a empresa. Pelo menos na Grande Curitiba, onde estão 40% de suas vendas, a Ouro Fino já conseguiu desbancar as concorrentes. Em 2012, o Insano alcançou uma fatia de 25% de mercado, cinco pontos percentuais à frente da Red Bull e 14 pontos a mais que o Burn, marca da Coca-Cola. Trata-se do resultado de uma política agressiva de mercado, que incluiu a venda do Insano por um preço até 30% menor que o dos concorrentes.