24/08/2012 - 21:00
Até quanto pode chegar o valor de mercado da Apple? Essa é uma pergunta cuja resposta vale US$ 1 trilhão. Na semana passada, a empresa de Cupertino, na Califórnia, se tornou a companhia mais valiosa de todos os tempos. A fabricante do iPhone e do iPad atingiu um valor de mercado de US$ 623,5 bilhões na segunda-feira 20, superando o recorde anterior, de US$ 620,6 bilhões (em valor nominal), obtido por sua rival Microsoft, em 1999. Neste ano, suas ações acumulam alta de mais de 64%. Mesmo assim, a maioria dos analistas considera que há espaço para a marca da maçã crescer bem mais. A expectativa é de que o valor de seu papéis na Nasdaq, atualmente na casa dos US$ 600, chegue a US$ 1 mil em 2014.
É mais do que suficiente para que a barreira no trilhão de dólares seja ultrapassada. Somente 15 países no mundo têm um PIB dessa monta — o do Brasil chega a US$ 2,5 trilhões. O que alimenta o otimismo dos investidores são as boas perspectivas de venda dos principais produtos da Apple, em especial o iPhone e o iPad. Com a morte de Steve Jobs, fundador e grande mentor das inovações da Apple, em outubro do ano passado, muito se especulou sobre uma possível derrocada da empresa por falta de novas ideias. No entanto, desde então, as ações da fabricante praticamente dobraram de valor. Ao que parece, a companhia não deve precisar quebrar mais alguns paradigmas para chegar ao trilhão.
O iPhone 5, previsto para setembro, e o iPad devem garantir-lhe um crescimento anual de ao menos 20% pelos próximos três anos, afirmou Gene Munster, analista do banco de investimentos americano Piper Jaffray. “O mais importante é o crescimento da receita”, disse Munster. “As ações vão chegar a US$ 1 mil por que a Apple vai liderar o mercado de mobilidade.” Katy Huberty, analista do Morgan Stanley, faz coro ao otimismo de Munster. Ela estima um valor de US$ 960 para as ações da fabricante já em 2013. Assim como seu colega do Piper Jaffray, Huberty baseia suas expectativas no crescimento das vendas do iPad e do iPhone. Há também o fator China.
Desafio oriental: Tim Cook, da Apple, quer aumentar a presença
da empresa na China
Em visita recente ao país, o presidente da Apple, Tim Cook, se encontrou com o vice-premiê chinês, Li Keqiang, para estreitar as relações com o gigante asiático. O encontro animou ainda mais os investidores. Nesse mercado, a companhia de Cook enfrenta alguns desafios importantes, principalmente na área de propriedade intelectual. Mas é lá também onde estão as maiores possibilidades de crescimento. Se conseguir apoio dos chineses, Cook pode abrir para a Apple um mercado quase tão grande quanto o americano. Desde que lançou seu smartphone, em 2007, a Apple vendeu 85 milhões de unidades do produto nos Estados Unidos. Tratando-se de iPads, somente no segundo trimestre deste ano foram comercializadas 17 milhões de unidades do tablet.
É a mesma quantidade vendida por todos os fabricantes de tablets somados em 2010, segundo dados da consultoria americana ABI Research. Mas, apesar dos números favoráveis, existem alguns fatores que podem impedir a Apple de chegar ao trilhão de dólares de valor de mercado. Embora seja a dona do aparelho mais vendido do mundo, a empresa não lidera o mercado de smartphones. O posto é ocupado pela coreana Samsung, que oferece uma gama muito maior de produtos dessa linha. No mercado de tablets, o iPad detém quase 70% de participação, mas deve sofrer a concorrência de competidores importantes como o Google e a Microsoft, que nos últimos meses lançaram aparelhos com preços mais baixos.
O passado também não reserva bons exemplos para a Apple. Outras companhias que foram cotadas para serem as primeiras a chegar ao trilhão falharam. Um analista do banco Credit Suisse afirmou, em 2000, que a Cisco, fabricante de equipamentos de rede, poderia ser a pioneira. Desde então, o valor de mercado da empresa despencou 89%. Microsoft e General Electric, que já ocuparam o posto no passado, tiveram quedas de 50% a 75%, respectivamente, em valor desde 1999. Das dez empresas mais valiosas na virada do século, apenas duas, IBM e ExxonMobil, tiveram crescimento em valor de mercado desde então.