27/10/2022 - 19:20
Existem momentos em que é necessária uma luz para guiar o caminho. No atual ciclo de escuridão, com inflação elevada e juros altos, o Santander Brasil decidiu desacelerar sua trajetória de crescimento. A expectativa da instituição é de uma inflação mais controlada pela frente que faça a roda do crédito da pessoa física voltar a girar e produzir luz para gerar melhores resultados.
Na quarta-feira (26), o banco anunciou lucro de R$ 3,12 bilhões no terceiro trimestre, 28% menor que o resultado de R$ 4,34 bilhões em igual período de 2021. Foi motivo para análises de analistas de mercado e descontentamento de investidores na Bolsa com o resultado considerado fraco. A unit caiu 5,26%, a R$ 28,47 no reflexo da divulgação dos números.
Para o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, não há motivos para essa preocupação do mercado. “Nós decidimos conceder menos crédito. O modelo que adotamos foi correto. Nossos índices de inadimplência estão planos. Não estamos vendo uma deterioração adicional do crédito. Foi uma decisão nossa e estamos crescendo menos, com qualidade e seletividade”, afirmou.
De acordo com o balanço, o índice de inadimplência para atrasos acima de 90 dias subiu de 2,4% em setembro de 2021 para 2,9% no início do ano e chegou em 3% no último trimestre.
Segundo Leão, o crescimento do crédito para pessoas físicas será retomado em 2023 dentro de um cenário de aumento da renda das famílias. Sobre 2022, o executivo prefere destacar o avanço dos empréstimos para pequenas e médias empresas (+5,9%) e grandes corporações (+4,3%) e ao agronegócio (+38%). “Em empresas, tivemos o melhor ano de nossa história”, afirmou. Para o próximo ano, a instituição promete R$ 50 bilhões para o agronegócio, ante os R$ 34 bilhões reportados em setembro último.
Além da expansão do crédito, Leão vê o banco como uma empresa de consumo. “Vemos oportunidades principalmente na vinculação de clientes, nos beneficiando de uma presença do Santander cada vez maior. Ambicionamos nos tornar a empresa de consumo escolhida pelos clientes”.
FAROL DE PROJETOS O número de clientes do Santander cresceu 11% nos últimos 12 meses até setembro. Mas de acordo com dados do Banco Central, a instituição perdeu a quinta posição para o Nubank, que avançou mais e alcançou 64,8 milhões de clientes. Para enfrentar a concorrência, Leão aposta na área de investimentos. A plataforma Toro praticamente dobrou de tamanho em 12 meses e atingiu 1,1 milhão de clientes (+85%) e R$ 9,5 bilhões em custódia (+95%). “A Toro está indo de vento e popa”, disse.
“Na AAA (área de agentes de investimentos) o número de consultores chegou a 350 em nove hubs (escritórios) e nossa ambição é chegar a 1,3 mil consultores e 30 hubs até o segundo trimestre de 2023. Temos tido crescimento no Select e vamos chegar a um milhão de clientes”, afirmou. Atualmente, esse segmento de varejo alta renda reúne 600 mil clientes.
Já no setor de seguros, que avançou 33% em 2 anos, a ambição do Santander é R$ 15 bilhões em receitas (prêmios) em 2023. Em 9 meses de 2022, os prêmios somaram R$ 7,9 bilhões.
Questionado pela DINHEIRO sobre outros projetos, Leão citou a Webmotors. “Foi a primeira fintech a traduzir cliques em clientes. De olho para essa conectividade dos negócios, a Webmotors tem mais a oferecer”, disse Leão, sem detalhar quais são os planos para a fintech do banco.
Pela estratégia de empresa de consumo, a Webmotors pode atuar em diversas frentes, desde a comercialização, financiamento e seguros para carros e motos, entre possíveis outros serviços num futuro próximo. Ou seja, há mais luz adiante.