28/06/2013 - 21:00
No início, as operadoras torceram o nariz para o 4G, a banda larga móvel ultrarrápida. Só que, como diz o ditado, enquanto uns choram, outros vendem lenço. Nesse último grupo situa-se a subsidiária da chinesa Huawei, que, assim que o edital de concessão da frequência do LTE, também conhecido como 4G, foi divulgado, começou a intensificar seus negócios no Brasil. Ela logo firmou parceria com as operadoras para fornecer os equipamentos necessários para formar a rede de conexões. Em 2012, a empresa teve uma queda de 10% em seu faturamento no País, passando de US$ 1,1 bilhão, em 2011, para cerca de US$ 1 bilhão. A expectativa dos executivos é reverter a trajetória descendente neste ano, graças à chegada do LTE ao mercado móvel.
Estratégia: Vinicius Dalben diz que novos smartphones vão atingir
consumidores da classe A
“Os números de 2013 estão em linha com as metas que nos foram impostas”, afirma Vinicius Dalben, diretor de operações da Huawei. “As operadoras farão fortes investimentos em suas redes.” O modelo e as regras estipuladas para o 4G nacional também ajudaram a Huawei. Segundo o edital, as operadoras de telefonia devem ter equipamento próprio de rede. Apenas o espaço físico das estações rádio-base pode ser dividido, mas as antenas que distribuem o sinal, alocadas nas torres, não. Contudo, os planos de crescimento da Huawei no Brasil não se limitam a vender antenas. Ela vai aumentar sua linha de roteadores, modens e dispositivos.
Até setembro, deve começar a comercializar smartphones produzidos nacionalmente. O esforço inicial será na faixa de preço entre R$ 500 e R$ 800. Até o final do ano, a Huawei deve trazer seus aparelhos topo de linha. “Antes, focávamos as classes C e D”, diz o executivo. “Neste ano, vamos chegar até a classe A.” Com as adições ao portfólio, a chinesa quer subir no ranking nacional. Hoje, a Huawei disputa a sétima posição do mercado, de acordo com a consultoria Gartner. O plano é brigar pela terceira já em 2014. O 4G ainda não está disseminado entre os consumidores brasileiros, mas a disputa pelo mercado já começou.
Samsung, Apple, LG e Sony já estão com seus aparelhos 4G. Traduzido em bom português: a Huawei, que não teve concorrência na implantação da rede, vai ter de competir com gente grande. “A faixa de preço escolhida é complicada, existem empresas grandes e fortes”, disse Ivair Rodrigues, da consultoria de telecomunicações IT Data. “Eles terão que investir bastante em marketing. Por que um consumidor deixaria de comprar um Samsung ou um Apple para comprar um Huawei?” Esse problema, contudo, não passou despercebido pelos executivos da chinesa. “Estamos otimistas, mas sabemos que temos muito para fazer”, afirma Dalben.